Lançado em 1974, “A Tábua de Esmeralda” transcende o papel de um álbum musical, emergindo como um tratado filosófico e esotérico em forma de samba, soul e MPB. Jorge Ben Jor não apenas compõe músicas; ele abre portais para reflexões profundas sobre o universo, a espiritualidade e o autoconhecimento. Através das 12 faixas, a obra flerta com os mistérios da filosofia hermética, as Leis Universais, e até histórias de alquimistas lendários, criando uma jornada que combina som e significado oculto.
O álbum é uma celebração da busca pelo divino, pela transmutação e pela descoberta de verdades universais, com pitadas de humor, misticismo e histórias curiosas que ampliam o encanto de cada faixa.
1. Os Alquimistas Estão Chegando
Esta música é um convite enigmático ao universo da alquimia, celebrando os buscadores da transformação. Os alquimistas, na visão de Jorge, não são apenas figuras medievais, mas arquétipos daqueles que buscam a transmutação da alma. A letra reflete o Princípio da Correspondência, um dos pilares da filosofia hermética: “O que está em cima é como o que está embaixo”. A música também alude à Agricultura Celeste, ao sugerir que a verdadeira alquimia está no cultivo de uma vida alinhada ao cosmos, enquanto os deuses astronautas observam e inspiram esses buscadores.
2. O Homem da Gravata Florida
Aqui, Jorge Ben Jor transforma um personagem aparentemente mundano em um símbolo de otimismo e poder criativo. A gravata florida é um artefato quase alquímico, representando a habilidade de transformar a rotina em algo vibrante e espiritual. O Princípio do Mentalismo — “o Todo é Mente” — ecoa na ideia de que a realidade é criada pela atitude e visão positiva. A música nos lembra que a Agricultura Celeste está em florescer onde quer que estejamos plantados.
3. Errare Humanum Est
“Errar é humano” celebra o erro como parte essencial do crescimento espiritual. Aqui, Jorge evoca o Princípio da Polaridade, mostrando que o erro, longe de ser um mal, é um oposto que complementa o acerto. O aprendizado através dos erros é uma forma de alquimia interna, onde transmutamos nossas fraquezas em força. Nicolas Flamel, mestre alquimista, também enfrentou muitas falhas antes de supostamente descobrir a Pedra Filosofal — uma metáfora poderosa para a jornada humana.
4. Menina Mulher da Pele Preta
Nesta faixa, Jorge Ben Jor celebra a beleza e a força da mulher negra. Sob um olhar hermético, a canção reflete o Princípio da Vibração, exaltando a energia que emana do feminino e a resiliência como força transformadora. A letra sugere que a verdadeira espiritualidade está enraizada na aceitação da essência. Na Agricultura Celeste, esta música é uma ode à colheita das raízes mais profundas da ancestralidade.
5. Eu Vou Torcer
“Eu Vou Torcer” é uma afirmação de fé no potencial das intenções humanas, conectando-se ao Princípio da Causa e Efeito. O ato de torcer é um movimento mental que gera impacto no plano físico, ressoando com a ideia de que a realidade é moldada pelos nossos pensamentos. A música também reflete a Agricultura Celeste, mostrando que a fé é a semente que cresce e frutifica no momento certo.
6. Magnólia
Nesta canção, Jorge faz um elogio à beleza natural e à pureza de Magnólia, que pode ser vista como uma metáfora para a essência divina presente em todas as coisas. Sob a lente hermética, a música dialoga com o Princípio da Correspondência, ao mostrar que a beleza da flor é reflexo de uma harmonia cósmica maior. Assim como os alquimistas, que buscavam a beleza espiritual, Jorge nos convida a enxergar além da superfície.
7. Minha Teimosia, Uma Arma Pra Te Conquistar
A teimosia, aqui, é apresentada como força motriz de transformação. Relaciona-se ao Princípio da Causa e Efeito, onde a persistência gera mudanças. A canção também sugere que a teimosia é como o processo alquímico: repetitivo, mas necessário para alcançar a transmutação desejada.
8. Zumbi
Zumbi, o líder quilombola, é retratado como uma figura alquímica que transcende a morte e representa a luta pela liberdade. Sob o Princípio da Polaridade, Zumbi é a união do espírito guerreiro e da paz almejada. Jorge celebra a resistência como uma força cósmica, conectando Zumbi aos deuses astronautas que observam e inspiram a luta pela justiça universal.
9. Brother
Brother celebra a fraternidade e a conexão entre os seres. Jorge utiliza o Princípio da Vibração para mostrar como a harmonia entre as pessoas gera ressonâncias positivas no universo. A música é uma ode ao espírito coletivo e ao poder do amor fraternal.
10. O Namorado da Viúva
Essa música guarda um significado curioso e oculto: Gilberto Gil e Jorge Ben Jor, em uma viagem à França, visitaram a casa do lendário alquimista Nicolas Flamel, conhecido por suas supostas descobertas sobre a Pedra Filosofal. Flamel, segundo lendas, foi casado com uma viúva rica, cuja fortuna ele usou para financiar suas buscas alquímicas. A canção, com um tom humorístico, é uma homenagem à história do alquimista e à ideia de que a união de opostos (como o namorado e a viúva) pode gerar transmutação e renovação espiritual.
11. Hermes Trismegisto e Sua Celeste Tábua de Esmeralda
Este é o ponto central do álbum, onde Jorge mergulha nos ensinamentos de Hermes Trismegisto. A música é uma verdadeira aula sobre os Princípios Herméticos, explorando a unidade entre o microcosmo e o macrocosmo, e os segredos da Agricultura Celeste. Hermes, como um símbolo do conhecimento universal, é uma inspiração direta para a obra.
12. Cinco Minutos (5 Minutos)
A última faixa reflete sobre a passagem do tempo e a efemeridade da vida. Sob o Princípio do Ritmo, Jorge mostra que cinco minutos podem conter toda a eternidade, dependendo de como são vividos. A música é um lembrete de que a espiritualidade está em valorizar o presente, como um ciclo constante de renovação.
“A Tábua de Esmeralda” se revela uma jornada sonora que ultrapassa as barreiras do tempo e da música. Jorge Ben Jor não só transmite um conhecimento profundo sobre alquimia e filosofia hermética, mas também faz com que essa sabedoria se torne acessível e vibrante. Cada faixa é uma oportunidade de reflexão sobre a vida, o cosmos e a transmutação pessoal. Ao final, o álbum nos lembra que, assim como a alquimia, o verdadeiro ouro está na transformação interior e na conexão com o universo ao nosso redo