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Por Giuliana Miranda
(Folhapress) – O mês passado foi o segundo abril mais quente da história, sendo apenas 0,07 °C mais fresco do que o recordista, abril de 2024. As informações são do observatório Copernicus, da União Europeia.
A temperatura média na superfície do planeta foi de 14,96°C, o que representa cerca de 1,51°C acima daquela estimada para o período pré-industrial (1850-1900), que é a referência para o clima do planeta antes da emissão em larga escala de gases de efeito estufa.
Com isso, abril de 2025 se tornou o 21º mês, nos últimos 22, em que a média global superou o 1,5°C de aquecimento. Além de ser a meta preferencial do Acordo de Paris, essa cifra também é considerada pelos cientistas como limite para impedir as piores consequências das mudanças climáticas.
Ainda que essa barreira não tenha sido definitivamente ultrapassada, são necessárias duas décadas acima do patamar de 1,5°C para que isso aconteça, os pesquisadores consideram que essa sequência de meses tórridos já é sinal de alerta.
Declarado o ano mais quente da humanidade, 2024 foi também o primeiro a ter média de temperatura superior a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, ficando 1,6°C acima desse patamar.
“Globalmente, abril de 2025 foi o segundo abril mais quente já registrado, mantendo a longa sequência de meses com temperatura acima de 1,5°C em relação à era pré-industrial. O monitoramento climático contínuo é uma ferramenta essencial para entender e responder às mudanças em nosso sistema climático”, disse Samantha Burgess, líder estratégica para clima no Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF, na sigla em inglês).
Na Europa, as temperaturas estiveram predominantemente acima da média, com anomalias mais elevadas no leste europeu, oeste da Rússia, Cazaquistão e Noruega.
Por outro lado, os termômetros registraram valores abaixo da média para a época na Turquia, leste da Bulgária e Romênia, península da Crimeia e norte da Finoescandinávia.
Fora da Europa, as maiores anomalias positivas foram observadas no extremo oriente russo e em grande parte do centro-oeste da Ásia.
Foram destaque também as temperaturas acima da média na América do Norte, partes da Austrália, e na península e no oeste da Antártida.
No leste do Canadá, sul da América do Sul, nordeste da Groenlândia e no leste da Austrália, porém, as temperaturas ficaram abaixo da média.
Abril de 2025 se tornou o 21º mês, nos últimos 22, em que a média global superou o 1,5°C de aquecimento (Foto: Paulo Pinto / Agência Brasil)
Mês de abril de 2025
A temperatura média na superfície dos oceanos também segue em trajetória de alta. Abril de 2025 registrou o segundo valor mais elevado já documentado para o mês, abaixo apenas 0,015°C do recorde de abril de 2024.
Em todo o mundo, vários mares e oceanos permaneceram com temperaturas anormalmente elevadas. O nordeste do Atlântico Norte é um dos destaques, com vastas áreas registrando temperaturas recordes para o mês.
Apesar de ter temperaturas menos extremas do que em março, o Mediterrâneo também registrou valores muito acima da média em abril.
Após quatro meses consecutivos de mínimos recordes para o período do ano, a extensão de gelo marinho no Ártico ficou 3% abaixo da média em abril. Os mares de Barents e de Okhotsk tiveram as maiores reduções na concentração de gelo, enquanto o mar da Groenlândia apresentou níveis acima da média para o período.
Do outro lado do mundo, na Antártida, a extensão do gelo marinho ficou 10% abaixo da média para abril.
O mês foi também de anomalias hidrológicas, com grande parte da Europa Central, Grã-Bretanha, sul da Finoescandinávia e partes do leste europeu tendo condições mais secas que a média.
Outros pontos do continente tiveram registros mais úmidos do que o normal, incluindo boa parte do sul europeu. A região dos Alpes também registrou fortes precipitações, com ocorrência de inundações, deslizamentos de terra e avalanches.
Partes do Canadá, Alasca, norte da Austrália e centro da América do Sul, entre outras regiões, também tiveram chuvas acima do normal.
Por outro lado, as precipitações ficaram abaixo do esperado em boa parte do oeste da América do Norte, Ásia central e extremo leste, bem como no sul da Austrália, Madagascar e partes da América do Sul.
Fonte: ICL Notícias