Alepa aprova crédito de R$ 4 bilhões ao governo do Pará (Créditos: Paulo Dutra/CENARIUM)
08 de abril de 2025
Fabyo Cruz – Da Cenarium
BELÉM (PA) – A Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) aprovou, nesta terça-feira, 6, o Projeto de Lei 171/2025, que autoriza o governo de Helder Barbalho (MDB) a contratar empréstimos de quase R$ 4 bilhões com instituições financeiras nacionais, com ou sem garantia da União. A proposta foi aprovada em meio a duras críticas da oposição, que vê no projeto um “cheque em branco” para o poder Executivo.
Segundo o governo, os recursos serão direcionados para a execução de projetos e intervenções em duas grandes frentes: o Programa de Investimentos em Infraestrutura, Saneamento, Saúde, Desenvolvimento Urbano, Cultura, Esporte e Lazer, que poderá contar com R$ 3,6 bilhões; e o Programa de Desenvolvimento Econômico, com a capitalização do Fundo de Desenvolvimento Econômico do Estado do Pará (FDE), que terá R$ 200 milhões disponíveis.
Entre os objetivos declarados estão a ampliação e revitalização da malha rodoviária estadual, obras de macrodrenagem para mitigar alagamentos, modernização da rede pública de saúde e investimentos em mobilidade urbana, além da construção e requalificação de espaços culturais e esportivos.
Críticas da oposição
A deputada estadual Lívia Duarte (Psol) foi uma das principais vozes contrárias à aprovação do PL. Da tribuna, classificou o valor como “estratosférico” e criticou a falta de detalhamento sobre a destinação dos recursos. “É um cheque em branco, sem perspectiva de onde será aplicado”, afirmou.
A parlamentar lembrou ainda que, em 2024, a Alepa já havia aprovado três empréstimos para o Executivo estadual, somando R$ 2 bilhões. Para ela, o governo tem recorrido de forma sistemática a esse tipo de operação, o que revela, segundo ela, “falta de planejamento de gestão”.
Lívia também questionou o argumento do governo de que a dívida está dentro do limite permitido. Segundo a deputada, o limite de endividamento — equivalente a 200% da receita corrente líquida — é alto e difícil de ser alcançado, o que não significa que o volume de dívidas atuais seja razoável. “Se os recursos pleiteados ingressassem de uma só vez, o estoque da dívida estadual seria de 41,77% em 2026”, alertou.
O deputado Rogério Barra (PL) também votou contra a matéria e acusou o governo de endividar as futuras gerações paraenses. “É vergonhoso. Um empréstimo de cerca de R$ 4 bilhões para causar endividamento para nossos filhos e netos, sem necessidade nenhuma”, disparou.
Segundo ele, apesar de o Pará ter registrado um crescimento expressivo na arrecadação nos últimos anos — seis vezes superior à média nacional, segundo o parlamentar —, os investimentos entregues à população não refletem esse avanço. “A arrecadação cresce ‘tirando o couro’ do paraense com impostos, mas não vemos obras estruturantes ou serviços satisfatórios em troca. E muitos dos projetos que existem, como a Usina da Paz, são feitos pela Vale”, disse.
Rogério Barra também apontou a ausência de detalhamento no projeto. “É um absurdo. Colocam de forma superficial que o dinheiro vai para infraestrutura, saúde, educação… Mas não detalham absolutamente nada. É um cheque em branco pra endividar a alma do paraense”, afirmou.
Defesa do governo
Na defesa do projeto, o líder do governo na Alepa, deputado Iran Lima (MDB), argumentou que o volume do empréstimo não compromete a saúde fiscal do Estado. “A capacidade de endividamento do Pará é de R$ 90 bilhões e nós não chegamos a R$ 20 bilhões em toda a história”, disse.
Ele destacou que os recursos são fundamentais para dar continuidade a obras estratégicas de infraestrutura, como a ponte recém-inaugurada sobre o Rio Alto Capim, e para ampliar a presença do Estado nas 12 regiões de integração. “Esses empréstimos são importantes para continuar trabalhando pelo desenvolvimento do Pará”, completou.
Destino dos recursos
De acordo com a justificativa do governo, os valores serão aplicados nas seguintes áreas:
• Infraestrutura e logística: construção e pavimentação de novas vias, além da restauração da malha rodoviária nas regiões de integração do estado;
• Saneamento: obras de macrodrenagem para reduzir inundações em áreas vulneráveis;
• Saúde: implantação e requalificação de unidades nas 12 regiões de integração do Pará;
• Desenvolvimento urbano: obras de pavimentação, drenagem, calçadas acessíveis e sinalização viária;
• Cultura e esportes: criação e modernização de espaços para eventos culturais, sociais e esportivos.
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Editado por Izaías Godinho
Fonte: Agência Cenarium