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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Alzheimer: Cientistas brasileiros descobrem nova substância que pode restaurar memória

Um novo estudo feito por cientistas brasileiros trouxe esperança para o tratamento contra a doença de Alzheimer. A pesquisa mostrou a possibilidade de restaurar a memória com o uso de uma substância derivada da cetamina, chamada de HNK (sigla para hidroxinorketamina).

Essa substância consegue restituir a capacidade de produzir proteínas que são utilizadas para a comunicação entre os neurônios no cérebro.

Essas proteínas fazem com que uma pessoa guarde novos aprendizados, no processo de consolidação da memória. A síntese de proteínas, que ocorre no hipocampo, resulta na fixação da memória.

— Se não houver síntese de proteínas, uma pessoa esquece o que aprendeu em até duas horas — explica o neurocientista Sergio Ferreira, que é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e um dos autores do estudo, liderado pelo neurocientista Felipe Ribeiro, da UFRJ.

Esse processo explica o motivo pelo qual pessoas com Alzheimer às vezes conseguem se lembrar de fatos antigos, mas não de momentos recentes, depois da doença, já que as memórias mais velhas já estavam consolidadas.

Como o Alzheimer atua

O Alzheimer tira da pessoa a capacidade de formar novas lembranças, que já não grava a resposta para uma pergunta, por exemplo, fazendo com que ela seja repetida diversas vezes.

— Se tiver êxito em seres humanos, e acreditamos que há motivos para otimismo para isso, uma droga a base da HNK poderia fazer com que os pacientes não esquecessem mais coisas básicas, como o nome de parentes e amigos e o endereço da própria casa — afirma Ferreira.

Ainda que se recupere a capacidade de memorizar através do tratamento, não seria possível recuperar lembranças perdidas. Nesse caso, o que foi “destruído” teria que ser “reaprendido”.

Efeitos do HNK

Apesar de ser derivado da cetamina, a substância não causa dependências ou alucinações. A HNK é produzida pelo corpo ao metabolizar a cetamina, e foi sintetizada por cientistas.

O tratamento consegue atuar nos danos causados pelo Alzheimer, e não nas causas. Assim os resultados mais eficientes viriam a partir do diagnóstico nas fases iniciais.

— O Alzheimer começa silenciosamente. Talvez o cérebro de uma pessoa esteja acumulando beta-amiloide por 20 ou mais anos sem dar sinal — diz Lourenço.

A HNK foi testada em animais, e conseguiu impedir danos à formação de memória mesmo em presença das placas de beta-amiloide.

— Restaurar as sinapses, a comunicação entre as células, pode ser melhor do que apenas bloquear as placas — destaca Lourenço.

Contudo, o especialista afirma que não haverá uma droga única para o tratamento de pessoas com Alzheimer, mas provavelmente coquetéis de remédios, assim como pacientes com Aids.

— É uma doença complexa, com várias causas e envolvida em diferentes mecanismos no cérebro. Penso que haverá tratamento. Mas ele não será baseado num só remédio — enfatiza Ferreira.

O pesquisador destaca que o estudo ainda mostrou que a HNK estimula a expressão de genes relacionados ao funcionamento das mitocôndrias, além de outros processos celulares que podem colaborar com a saúde dos neurônios.

A substância tem sido testada em pessoas com depressão severa e se mostrou segura e com efeitos mais duradouros do que os medicamentos usados atualmente. Agora, é preciso que um laboratório se interesse em dar prosseguimentos nos testes.

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Amazonas Repórter

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