O oitavo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo terminou em agressão e confusão após a expulsão de Pablo Marçal (PRTB) nos minutos finais, por ter atacado o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Logo após a exclusão do influenciador, Nahuel Medina, assessor que grava vídeos para Marçal, deu um soco em Duda Lima, marqueteiro de Nunes, que deixou o local sangrando.
Nesse momento, Medina saiu dos bastidores e entrou no estúdio, o que levou à interrupção do programa. Ele foi detido para averiguação pela polícia e levado para a delegacia no começo da madrugada.
Após o fim do debate, Marçal disse que seu assessor reagiu após ter sido agredido antes.
“Eu tive que paralisar o debate para excluir o candidato Pablo Marçal, que reiteradamente desrespeitava as regras, e na saída dele houve uma confusão, e o assessor do prefeito Ricardo Nunes foi agredido, levou um soco no rosto, está sangrando bastante neste momento. A gente lamenta profundamente porque o debate foi muito bom, mas no final tivemos essa confusão”, afirmou Carlos Tramontina, mediador do debate.
Marçal expulso do debate
Marçal foi excluído após levar três advertências por agressões verbais durante as suas considerações finais. Ele afirmou que Nunes seria preso pela Polícia Federal por seu envolvimento na chamada máfia das creches.
Marçal alegou que Duda teria primeiro agredido Medina, e que apenas houve reação. Apesar da alegação do candidato, nos vídeos gravados nos bastidores do debate é possível ver que Duda Lima está parado e Medina vai a seu encontro para dar o soco.
Marçal também postou em rede social vídeo que mostra Duda Lima colocando a mão sobre o celular e dizendo que a “agressão começou” com o marqueteiro.
Advogado do Pablo Marçal, Tassio Renan concedeu entrevista para jornalistas durante a madrugada desta terça-feira (24) em distrito policial na zona sul.Disse que o episódio deveria ser tipificado como lesão corporal de natureza leve e que também iria registrar um boletim contra Duda Lima.
Duda Lima deixou o Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi (zona sul), acompanhado de Nunes, por volta das 2h45 desta terça-feira (24) e foi para a delegacia.
Segundo a assessoria, os médicos deram pontos no rosto do marqueteiro, que também foi submetido a uma tomografia. A informação é que ele passa bem.
Duda e Nunes saíram do hospital sem falar com a imprensa que esperava na porta.
Por volta das 3h, Duda chegou na delegacia para prestar depoimento. Ele, novamente, preferiu não falar com a imprensa.
Integrantes da campanha do Nunes alegam que narrativa de Marçal de diz que o cinegrafista foi atingido antes é mentirosa.
Ele afirmam que a filmagem que Marçal está usando para sustentar o argumento foi tirada de contexto.
A campanha afirma que a expectativa é que Duda peça uma medida protetiva contra Medina.
Nos bastidores antes do início do debate, Marçal gritou na direção de Nunes, que saía de uma entrevista, chamando-o de “tchuchuca do PCC”, e Nunes respondeu, falando que o adversário é “condenadinho”.
No pós-debate, Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (Novo) e Guilherme Boulos (PSOL) lamentaram a agressão ao marqueteiro de Nunes.
Tabata afirmou que Marçal incitou violência mais uma vez, e que faz isso por não ter nada a dizer sobre a cidade.
“Fica claro que quando Marçal não tá dando espetáculo, showzinho de merda dele, para aparecer e ganhar dinheiro, ele não tem nada a dizer. […]”, afirmou a deputada federal. “Aí, frustrado que não consegue dar o showzinho dele, acontece essa merda que aconteceu […] Pablo Marçal incita a violência desde o dia 0.”
“A gente vê o assessor do Nunes saindo daqui ensanguentado. A pessoa de maior bom senso aqui foi um cidadão comum que deu voz de prisão ao agressor, o que, aliás, deveria ter acontecido na situação da cadeira no outro debate”, disse Marina Helena.
Boulos chamou de inaceitável a agressão e disse que Marçal é “boi de piranha” do atual prefeito. “Sabe aquele boi que passa primeiro, antes da boiada passar, para as piranhas pegaram, para chamar atenção, e depois a boiada passa?”, disse. “É assim que o Marçal está funcionando.”
Ele elogiou o formato do debate —”forçou a debater proposta”, afirmou— e disse que Marçal aproveitou o final do evento “para esculhambar”.
Datena disse que “tentou manter o nível da democracia o mais próximo possível” ao agradecer a recepção de apresentador e jornalistas no Flow. “É igual filme de máfia, o bandido sempre aparece no fim. A coisa fica desvirtuada”, disse.
Antes da confusão final, o debate teve Nunes como alvo dos rivais e Marçal defendendo Jair Bolsonaro (PL) pela atuação na pandemia da Covid-19.
Em um formato sem perguntas entre os concorrentes e promovido pelo Flow em parceria com o Nexo Governamental XI de Agosto, projeto da Faculdade de Direito da USP, o evento foi o primeiro do tipo realizado por um podcast.
Antes do debate, jornalistas entrevistaram os candidatos em uma live, momento em que Madeleine Lacsko, uma das apresentadoras, disse ser “amiga pessoal” de Marina Helena. “Gente, eu não vou esconder, eu sou amiga pessoal da Marina, então não esperem de mim perguntas duras para a Marina, porque ela é minha amiga.”
Na troca de ofensas antes antes do início do debate, o candidato do PRTB mencionou o envolvimento de Nunes no escândalo da máfia das creches e disse que houve depósitos nas contas de “sua esposa e sua filha”.
“Você vai pra cadeia”, disse Marçal a Nunes, que retrucou afirmando que o rival “quer roubar até apelido”, por usar o termo “tchuchuca”. Assessores tiraram o prefeito do local para que se dirigisse ao estúdio.