As mudanças climáticas constituem-se em um dos problemas mais urgentes e complexos enfrentados pela humanidade, no século XXI. Com impactos globais, transcendem fronteiras geográficas e afetam todos os aspectos da vida, inclusive a saúde.
Segundo o coordenador dos cursos de Saúde da Faculdade Santa Teresa, Daniel Barros Fagundes, as pessoas costumam associar as mudanças climáticas com consequências que só aparecerão no futuro, porém, várias situações que já vêm ocorrendo são fruto desse fenômeno. Ele destaca que, no ano passado, por exemplo, 61 mil pessoas morreram na Europa, devido às altas temperaturas.
Daniel Fagundes reforça que, na Amazônia, as alterações climáticas já começam a ser percebidas e trarão consequências ainda mais graves a médio e longo prazo. O aumento do período ou da intensidade da seca dos rios, por exemplo, poderá dificultar o tráfego de grandes embarcações, impossibilitando o transporte de pacientes em busca de tratamentos de saúde especializados em Manaus e a comercialização de alimentos entre a capital e as cidades e comunidades do interior. “Isto provocará a elevação do custo de vida na região e afetará a saúde pública de populações mais isoladas.
“Em decorrência disso, migrações familiares em busca de melhores oportunidades na capital tenderá a aumentar, pressionando ainda mais os recursos urbanos e aumentando a vulnerabilidade social, que impactam negativamente na saúde e qualidade de vida dos indivíduos. É uma cadeia de problemas que, quando analisados em conjunto, mostram o impacto na saúde das pessoas e a necessidade urgente de ações para frear essa situação”, avalia.
Outros fatores relacionados às mudanças climáticas que influenciam diretamente na saúde da população são os incêndios florestais descontrolados. Além de contribuir para o agravamento do efeito estufa e aquecimento global, essas ocorrências afetam a qualidade do ar que respiramos. De acordo com Daniel Fagundes, a fumaça resultante desses incêndios, carregada de partículas finas e poluentes tóxicos, provoca o aumento na incidência de doenças respiratórias e, a longo prazo, o desenvolvimento ou agravamento de doenças cardiovasculares.
Estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que, em 6 mil cidades de 117 países, a população global respira ar fora dos padrões de qualidade definidos pelo órgão. O levantamento aponta que as pessoas respiram níveis insalubres de material particulado e de dióxido de nitrogênio. Os dois poluentes se formam a partir da queima de combustíveis fósseis, como a gasolina.
A amplificação das temperaturas e a expansão dos períodos de calor extremo também intensificam o risco de insolação, exaustão e desidratação, especialmente para as populações mais vulneráveis, como idosos e crianças. Daniel Fagundes acrescenta que outro grave problema causado pelas mudanças climáticas é a propagação de doenças transmitidas por vetores, como malária, dengue, chikungunya e zika, que encontram terreno fértil em condições mais quentes e úmidas. “Devido a esse contexto, o risco de surtos e epidemias é grande, inclusive em outras regiões do país e não só na Amazônia. Recentemente, Belo Horizonte, em Minas Gerais, viveu um aumento significativo de casos de dengue”, frisou.
Para Daniel Fagundes, diante de todo esse cenário, que já faz parte do presente, é urgente adotar uma abordagem abrangente e colaborativa. “”, afirmou.