Natasha Cazenave, economista diretora da ESMA (Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados), acredita que o Bitcoin e outras criptomoedas podem representar uma ameaça ao sistema financeiro tradicional.
Suas declarações constam em um pronunciamento preparado para uma audiência no Comitê de Assuntos Econômicos e Monetários da Europa.
Embora destaque que a indústria de criptomoedas ainda é pequena, representando somente 1% dos ativos totais do mundo, Cazenave aponta que “os mercados financeiros da União Europeia estão, neste momento, sob forte pressão decorrente de desdobramentos políticos e geopolíticos mais amplos”.
“Os mercados de criptoativos ainda são relativamente pequenos. No entanto, no ambiente atual do mercado, turbulências mesmo em mercados pequenos podem originar ou catalisar problemas mais amplos de estabilidade em nosso sistema financeiro.”
A economista aponta que 95% dos bancos europeus não trabalham com criptomoedas, mas nota que o mercado de criptomoedas está crescendo rapidamente e se interconectando com o tradicional.
“A exposição dos investidores a criptoativos, embora ainda pequena, está aumentando.”
“Estimativas disponíveis sugerem que a adoção de criptoativos por investidores de varejo na União Europeia pode variar entre 10% e 20%, acompanhando o crescente apetite dos investidores em todo o mundo”, comentou Cazenave.
União Europeia cita crescimento do setor de criptomoedas nos EUA como ameaça
Novamente citando a falência da FTX e o efeito dominó causado na indústria de criptomoedas, Natasha Cazenave aponta que uma nova crise do tipo poderia se estender para o mercado tradicional.
Além da valorização das criptomoedas nos últimos anos, a economista reguladora da ESMA também revela que a postura pró-criptomoedas do governo americano é preocupante.
“Os mercados de criptoativos mais do que dobraram de tamanho em 2024, alcançando uma capitalização de mercado de 3,3 trilhões de euros no final do ano, reacendendo preocupações sobre os riscos para os investidores e para o sistema financeiro.”
“O Bitcoin, que representa mais da metade do valor total de mercado, teve uma valorização de quase 140%, atingindo o nível recorde de 100 mil dólares em dezembro passado”, pontuou Cazenave. “Outros criptoativos importantes também registraram ganhos expressivos, à medida que o mercado antecipava uma mudança na política dos EUA com a aproximação das eleições.”
Cazenave então aponta que as criptomoedas são “altamente especulativas, com preços sujeitos a oscilações súbitas e extremas”. Como exemplo, cita que o mercado perdeu 20% de seu valor no primeiro trimestre de 2025.
O texto também menciona os 34 bilhões de euros atraídos ETFs americanos de Bitcoin, bem como investimentos por fundos de pensão americanos e uma maior abertura para que instituições obtenham exposição à criptomoeda.
“Se a exposição a esses ativos se tornar significativa, não se pode descartar que futuras quedas acentuadas nos preços das criptomoedas tenham efeitos colaterais sobre o nosso sistema financeiro.”
Finalizando, Cazenave se mostra preocupada até mesmo com as stablecoins.
Embora não tenham flutuações de preço, a economista destaca que elas são lastreadas em ativos tradicionais (hoje majoritariamente em títulos do Tesouro americano) e poderiam impactar negativamente esses produtos em caso de uma corrida de saques.
Por fim, o que está acontecendo é o oposto. Enquanto ações caem devido à guerra comercial — com Trump taxando produtos europeus em 20% e a Europa ameaçando uma retaliação com tarifas de 25% — o Bitcoin luta para se manter acima dos US$ 80.000.
Fonte: Livecoins