A disputa pelo comando do Senado colocou em choque dois nomes de destaque da extrema direita: o ex-presidente Jair Bolsonaro e o senador Marcos Pontes (PL-SP). Pontes pretende se candidatar à presidência da Casa, enquanto Bolsonaro apoia Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Em um vídeo, o ex-presidente fez críticas a Pontes, dizendo que ele estava sendo ingrato. Pontes respondeu com uma postagem e um vídeo nas redes sociais, indiretamente chamando Bolsonaro de arrogante.
Nesta segunda-feira, 20, o ex-presidente se queixou da “disciplina” de seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia e falou em “honrar a palavra dada”.
Em entrevista ao canal do YouTube AuriVerde Brasil, reclamou:”Eu elegi você em São Paulo. Deixei de lado lá, entre eles, o meu amigo Marco Feliciano, com uma dor no coração enorme. Mas deixei de lado o Marco Feliciano para te apoiar. Esse é o pagamento?”
Bolsonaro disse que Pontes não tem chances reais de se eleger presidente do Senado e está pensando somente em si. “A única forma de nós sermos algo dentro do Senado e não sermos zumbis como somos hoje é tendo um candidato. Se não conseguimos ganhar com o Rogério Marinho, que é um baita articulador, não vai ser com você agora”, disse Bolsonaro.
Pontes rebate Bolsonaro
Em fevereiro de 2023, Rogério Marinho, também ex-ministro da gestão Bolsonaro, perdeu a eleição ao comando do Senado para Rodrigo Pacheco por 49 votos a 32. A derrota custou ao PL não só a presidência da Casa, mas um isolamento em todos os cargos na Mesa Diretora.
Em sua postagem, Pontes rebateu Bolsonaro e confirmou sua pré-candidatura à presidência do Senado. Sem citar nomes, ele afirmou no X (antigo Twitter) que “a arrogância pode fechar portas”.
“Pessoas arrogantes acham que já sabem de tudo, que são melhores que os outros, desprezam opiniões e ignoram sentimentos”, afirma trecho de um vídeo publicado pelo ex-ministro nesta terça-feira, 21, um dia depois de Jair Bolsonaro dizer que era “lamentável” a pré-candidatura de Pontes ao comando do Senado.
“Você sabe o que é correto. Seja íntegro”, finaliza o vídeo publicado por Pontes.
O Senado é uma das prioridades de Jair Bolsonaro e de sua base de apoio. No pleito de 2022, a sigla do ex-presidente elegeu a maior bancada de senadores do País. Naquela eleição, a renovação era de um terço do Senado; na próxima votação, em 2026, cada Estado elegerá dois novos senadores.
O PL estima repetir o desempenho de 2022 na próxima eleição e aumentar ainda mais o número de representantes na Casa. O objetivo é a aprovação de pautas como o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a anistia aos condenados do 8 de Janeiro.