Em 2024, o Brasil ocupava a 82ª posição na lista de 180 países e saltou para a 63ª posição NA Liberdade de Imprensa neste ano (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
03 de maio de 2025
Jadson Lima – Da Cenarium
MANAUS (AM) – Um relatório da Organização Não Governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras, divulgado nessa sexta-feira, 2, aponta que o Brasil avançou 19 posições no ranking de liberdade de imprensa. Em 2024, o País ocupava a 82ª posição na lista de 180 países e saltou para a 63ª posição neste ano. O estudo aponta que a melhora do cenário se dá por causa da normalização das relações entre as organizações estatais e a imprensa, sob Jair Bolsonaro (2019-2022).
A publicação foi feita na véspera do Dia da Liberdade de Imprensa, estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). O dia marca a constante busca pela liberdade dos profissionais de imprensa que prezam pelo direito de investigar, publicar e informar a sociedade de forma livre, imparcial, independente e responsável.
De acordo com o relatório, apesar do avanço do Brasil no ranking, a violência estrutural contra jornalistas e a desinformação representam “desafios significativos para o avanço da liberdade de imprensa” no País. Os dados também mostram que os desafios e obstáculos para garantir um ecossistema de informação livre, plural e confiável são significativos. A Repórteres Sem Fronteiras defende uma política de proteção a profissionais.
“A Constituição Federal de 1988 garante o direito à liberdade de imprensa no país e, em geral, o arcabouço legislativo brasileiro é bastante favorável ao livre exercício do jornalismo. Contudo, os desafios e obstáculos para garantir um ecossistema de informação ainda são numerosos. O País carece de uma política robusta para proteger os jornalistas, uma prioridade quando se considera a história de violência contra a imprensa.”, diz trecho da publicação.
A ONG também aponta que o governo Bolsonaro ajudou a fomentar a violência contra profissionais da imprensa no Brasil, por meio de declarações hostis contra repórteres e veículos de comunicação que o questionavam sobre as ações adotadas pelo governo. A partir de 2023, diz o relatório, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu uma guinada, visando a melhora da relação entre imprensa e a estrutura governamental.
“A imprensa foi um dos principais alvos do governo Bolsonaro, que fomentou um ambiente de hostilidade permanente contra ela. A chegada do governo Lula permitiu, num processo de estabilização da ordem democrática, a normalização das relações entre os órgãos do Estado e a imprensa. O discurso público a favor do jornalismo teve um impacto tangível nos jornalistas“, aponta o estudo.
No contexto da segurança, o relatório aponta que o Brasil é o segundo País mais perigoso da América Latina para profissionais. Em 10 anos foram contabilizados 30 assassinatos de jornalistas. Em 2022, no último ano sob Bolsonaro, três profissionais foram assassinados, dentre eles o britânico Dom Phillips, que atuava com foco na cobertura de crimes ambientais em Terras Indígenas (TIs). Ele e o indigenista Bruno Pereira desapareceram em junho daquele ano no Vale do Javari, no Amazonas.
“O Brasil é o segundo país mais perigoso da região neste período para jornalistas. Blogueiros, apresentadores de rádio e jornalistas independentes que trabalham em municípios de pequeno e médio porte e que cobrem corrupção e política local são os mais vulneráveis. Em 2022, pelo menos três assassinatos estiveram diretamente ligados ao exercício do jornalismo”, menciona a ONG.
Ameaças a liberdade de imprensa
O secretário-geral da Organização das Nações unidas (ONU), António Guterres, afirmou, em vídeo publicado na sexta-feira, 2, que a liberdade de imprensa enfrenta uma ameaça sem precedentes. Ele fez um alerta sobre o uso da Inteligência Artificial (IA), que pode ajudar a liberdade, mas também sufocá-la, afirmou que mentiras descaradas e o discurso de ódio são como minas terrestres “na autoestrada da desinformação” e pediu pacto.
“Informações precisas, baseadas em fatos são as melhores ferramentas para desarmá-las. O Pacto Digital Global, adotado no ano passado, inclui medidas concretas para reforçar a cooperação internacional para promover a integridade da informação, a tolerância e o respeito no espaço digital”, disse o secretário-geral da ONU.
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Editado por Izaías Godinho
Fonte: Agência Cenarium