O rompimento político entre o prefeito de Rio Largo (AL), Carlos Gonçalves (PP), e seu antecessor, correligionário e tio Gilberto Gonçalves, conhecido no estado como GG, agravou o clima de tensão na cidade de 75 mil habitantes, distante cerca de 27 quilômetros da capital Maceió.
No mais recente capítulo da briga familiar, cartas de renúncia de Gonçalves e de seu vice, Peterson Henrique (PP), foram lidas na sessão da Câmara Municipal nesta segunda-feira 31. O prefeito, porém, afirma desconhecer a autoria dos documentos. “Essa carta é falsa, fruto de uma tentativa criminosa de golpe”, afirmou. Após a leitura, o presidente da Casa, Rogério da Silva, tomou posse do cargo.
As duas cartas foram lidas pelo segundo secretário da Câmara, Thiago Vasconcelos (PP). Nelas, os supostos autores da renúncia teriam alegado “questões pessoais” para deixar os cargos. Em seguida, Rogério assinou o termo de posse, fez o juramento e passou a ocupar o cargo de prefeito interino.
“Já tomamos e seguiremos levando em frente as providências cíveis e criminais cabíveis junto às instâncias necessárias para reafirmar nossa legitimidade e poder que nos foi concedido pelo povo”, disse Carlos Gonçalves em nota à imprensa. O chefe da Câmara ainda não se manifestou sobre o episódio. O espaço segue aberto.
Na semana passada, o prefeito denunciou ao Ministério Público duas tentativas de autenticação de assinatura em seu nome em cartórios de Rio Largo e de Porto Calvo, uma cidade vizinha. O ato teria sido uma tentativa de forçar a sua renúncia, segundo relatou aos promotores do MP.
A crise começou após Carlos romper com o grupo do tio e se aproximar do senador Renan Calheiros, do MDB, rival do ex-presidente da Câmara Arthur Lira, do PP. Ele venceu a eleição do ano passado com mais de 60% dos votos com as bençãos de GG, um dos principais caciques do PP em Alagoas.
Há duas semanas, um desentendimento público entre os dois viralizou nas redes sociais e expôs o grau de distanciamento. Na gravação, realizada durante um evento alusivo ao Dia Internacional das Mulheres, o ex-prefeito cobrava o sobrinho. “Quem colocou você aí fui eu”, disse GG.
Em resposta, após tomar o microfone para se pronunciar, Carlos reclamou de que o ex-prefeito o considera fraco para se manter no cargo: “Não sou ingrato nem traidor. Reconheço o seu trabalho, tio, mas quem votou em mim foi o povo de Rio Largo. Fui eleito com 32.496 votos. Até 31 de dezembro de 2028, jamais vocês vão me ver renunciar ao mandato”.
Nos últimos dias, GG teria anunciado que estava em posse de uma carta-renúncia do prefeito e do vice, dizendo que ela seria apresentada à Câmara. Carlos, que é sobrinho da esposa do ex-prefeito, deve se filiar nos próximos dias ao MDB, segundo apurou a reportagem.
Por: Carta Capital