A Gigante do Morro, que nasceu em um terreiro de Candomblé, apresentou um espetáculo ao público (Composição: Lucas Oliveira/CENARIUM)
04 de março de 2025
MANAUS (AM) – Com o samba-enredo “Êpahey, Reino Unido! Mojubá, Gbogbo Orixá!”, o Grêmio Recreativo Escola de Samba (G.R.E.S) Reino Unido da Liberdade foi a campeã do Carnaval em Manaus 2025. Celebrando a força dos orixás de religiões de matriz africana, a “Gigante do Morro“, como é chamada no bairro Morro da Liberdade, na Zona Sul da capital amazonense, levou à comunidade o 13° título, com 269,7 pontos.
Ao revelar o enredo, a escola de samba explicou o significado dos orixás. “No Carnaval de 2025, Exu abre os caminhos e Iansã nos guia nessa travessia cheia de ancestralidade e fé. Saudamos os grandes reinos africanos, berço dos orixás, e relembramos a chegada de Iansã, que se tornou a grande protetora do nosso morro”, disse.
Em segundo lugar ficou a G.R.E.S Mocidade Independente de Aparecida, com 267,9 pontos e, em terceiro, a Vitória Régia, com 267,8. Veja a classificação final abaixo:
1º – Reino Unido da Liberdade – 269,70
2º – Mocidade Independente de Aparecida – 267,90
3º – Vitória Régia – 267,80
4º – Unidos do Alvorada – 267,70
5º – Vila da Barra – 266,90
6º – Andanças de Ciganos – 266,80
7º – A Grande Família – 265,90
8º – Sem Compromisso – 265,20
Desfile
No início do desfile, a escola de samba entrou na avenida levando, na comissão de frente, a encenação de “caminhos abertos, Laroye Exu! Epahey Iansã!” junto com o templo, local de celebração dos rituais a Oyá, deusa dos ventos, tempestades e transformação.
De acordo com Neto Guerreiro, comentarista da Reino Unido, a comissão de frente chamava pela orixá com o balanço da cabeça, o canto e a dança, além de outros movimentos representados por 14 bailarinos. O item é um dos quesitos obrigatórios no Carnaval.
“Nesse primeiro momento, a comissão de frente está chamando por Oyá. Ela canta, ela dança, ela bate cabeça, então ela está chamando o Exu para ele aparecer. Em determinado momento, ele saí da cabaça […] ele [Exu] aparece e trás Oyá para contar essa grande história“, disse.
A Gigante do Morro, que nasceu em um terreiro de Candomblé, apresentou um espetáculo ao público que prestigiou o desfile das escolas de samba do Grupo Especial de Manaus. Além da comissão de frente, outros itens obrigatórios como mestre-sala e porta-bandeira, a bateria “Furiosa”, os carros alegóricos e o samba-enredo apresentaram referências aos orixás.
De acordo com o presidente Rangel Magalhães, o bairro Morro da Liberdade, onde fica o barracão da escola de samba, é uma pequena África dentro da Amazônia.
“O Morro [da Liberdade] é uma pequena África dentro da Amazônia. A gente respira o axé. Tem o batuque de Mãe Zulmira, então, pegamos esse enredo com os nossos ancestrais. Eles estão ajudando a Reino Unido. Exu vem para abrir os caminhos e Iansã passando por todos eles, e termina em um grande xirê, e a Reino Unido vai ser irmanada para vencer”, afirmou.
Essa foi a primeira vez que a Reino Unido da Liberdade abordou em 100% o tema sobre a religião afro. Além disso, a escola tinha o objetivo de transformar o sofrimento dos ancestrais em coragem e determinação.
“A escola transforma o sofrimento que os africanos passaram no momento em que foram escravizados em coragem, determinação e resistência, valorizando principalmente a preservação de suas raízes e sua cultura, permitindo que o público no Sambódromo os veja como nobres guerreiros que não deixaram escravizar o espírito, que permaneceram com a alma africana livre e com as suas tradições mantidas“, diz um trecho da sinopse do tema de 2025.
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Editado por Marcela Leiros
Revisado por Gustavo Gilona
Fonte: Agência Cenarium
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