Trajando roupa laranja, uniforme da penitenciária onde estava, o ex-senador Telmário Mota deixa a prisão em Roraima (José Magno/Acervo FolhaBV)
19 de abril de 2025
Ana Pastana – Da Cenarium
MANAUS (AM) – O ex-senador Telmário Mota deixou o Comando de Policiamento da Capital (CPC), em Roraima, nessa quinta-feira, 18, para cumprir prisão domiciliar por 60 dias, com o uso de tornozeleira eletrônica. Ele estava preso em regime fechado desde outubro de 2023, após ser condenado por importunação sexual contra a filha.
O ex-parlamentar cumpre pena de oito anos e dois meses. Telmário Mota também é investigado por ser o principal suspeito de mandar matar a mãe dela. Antônia Araújo de Sousa foi assassinada em setembro de 2023, com um tiro na cabeça, em Boa Vista, capital de Roraima.
Segundo a defesa do ex-parlamentar, Mota enfrenta problemas de saúde físicos e mentais na prisão. Diante da alegação, o desembargador Ricardo Oliveira, da Vara de Execução Penal do Estado, concedeu decisão favorável para que o ex-senador cumpra a pena em casa.
“Restou demonstrado que o paciente necessita de acompanhamento médico específico, o qual não vem sendo devidamente ofertado no sistema prisional, não sendo razoável que a autoridade coatora despreze a conclusão dos laudos médicos apresentados”, diz um trecho da justificativa da decisão.
Telmário cumpria a pena em regime fechado há um ano e seis meses. Ele foi preso em Goiás e transferido para Roraima em dezembro do mesmo ano. O crime pelo qual foi condenado está previsto no Art. 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Relembre o caso
Suspeito de ser o mandante do assassinato de Antônia Araújo de Sousa, 52 anos, mãe da filha do ex-senador, Telmário foi preso em Nerópolis, em Goiás, em 30 de outubro de 2023. Na época, Mota afirmava ser inocente e a defesa chegou a classificar a prisão como “desproporcional”.
Antônia foi assassinada com um tiro na cabeça em 29 de setembro daquele ano, quando saía de casa para trabalhar, por volta das 6h30, no bairro Senador Hélio Campos, Zona Oeste de Boa Vista, capital de Roraima.
A vítima era uma das principais testemunhas em investigações que envolviam uma acusação de estupro contra o ex-senador, segundo a Justiça. A denúncia foi feita pela filha dele, em 2022. A mulher foi morta três dias antes de uma audiência sobre o caso.
Segundo a investigação da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), Harrison Nei Correa Mota, 49 anos, sobrinho de Telmário Mota, também conhecido como “Ney Mentira”, recebeu ordens do tio para organizar e executar o assassinato de Antônia.
Essas ordens teriam sido repassadas durante uma reunião na fazenda “Caçada Real”, propriedade do ex-senador, onde a Polícia Civil também fez buscas. O suspeito era comissionado no governo, mas foi exonerado após a operação.
Em novembro de 2023, o sobrinho do ex-senador, Harrison Nei Correa Mota, 49 anos, se entregou à Polícia Civil. Ele negou a acusação.
Condições precárias
Em janeiro deste ano, em uma carta aberta, Telmário Mota criticou as condições da penitenciária onde estava detido. No texto, o ex-senador relatou problemas de saúde e dificuldades de convivência no local.
De acordo com a carta, Mota foi forçado a limpar urina e fezes jogadas em sua cela por outros detentos, na véspera do Natal do ano passado. Ele também afirmou que teve roupas e o colchão incendiados, o que agravou seu estado de saúde.
“Eu e o produtor rural Paulo Rodrigues Teixeira sofremos de problemas cardíacos e outras patologias. Fomos retirados da cela já com dificuldades para respirar por dois bravos policiais penais, que enfrentaram fogo e fumaça para salvar nossas vidas. A eles, minha gratidão”, diz trecho do texto assinado pelo ex-senador.
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Fonte: Agência Cenarium