Representantes de países reunidos na COP28 (Reprodução/COP28)
03 de abril de 2025
Ana Cláudia Leocádio – Da Cenarium
BRASÍLIA (DF) – A ministra de Meio Ambiente e da Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, declarou, nesta quinta-feira, 3, que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, em novembro deste ano, celebrará os dez anos do Acordo de Paris e encerrará uma sequência de quatro conferências realizadas no Sul Global, três delas em países do BRICS.
Marina fez abertura da 11ª reunião dos ministros de Meio Ambiente do BRICS, bloco econômico criado em 2011 pelo Brasil, Rússia, Índia, Chica e África do Sul, e que ganhou a adesão da Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã, que já participaram desse encontro, realizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Juntos, correspondem a quase metade da população mundial e concentram 39% da riqueza global. Em 2025, o Brasil preside o bloco.
Em uma reunião fechada, os ministros de Meio Ambiente, segundo a ministra Marina, devem debater quatro temas prioritários, como desertificação, degradação da terra e secas; preservação, restauração e valoração dos serviços ecossistêmicos; poluição por plásticos e mudança do clima.
“Os diálogos e resultados dessa reunião fortalecerão nossa cooperação e fomentarão ações completas. Ao final dos trabalhos, esperamos aprovar a declaração ministerial fruto de meses de negociação entre nossas equipes técnicas, aos quais agradeço profundamente”, ressaltou a ministra.
Além disso, os ministros precisam aprovar um plano de trabalho anual para impulsionar a implementação do Memorando de entendimento sobre Cooperação Ambiental, entre 2024 e 2027. “Esse plano prevê cerca de 50 atividades práticas em áreas estratégicas como qualidade do ar, educação ambiental, biodiversidade, gestão de resíduos e químicos, recursos hídricos, zonas costeiras e marítimas e mudança do clima”, explicou Marina.
Desafios e tensões políticas
Marina Silva ressaltou que o Brasil assumiu uma dupla missão, em “um momento particularmente desafiador, marcado por tensões geopolíticas que colocam à prova os alicerces da ordem multilateral já fragilizada e desigual”. “O avanço do unilateralismo e de discussões extremistas compromete a estabilidade global e aprofunda injustiças afetando, sobretudo, as populações mais vulneráveis. Essa estabilidade se agrava ainda mais no contexto de emergência climática em que estamos vivendo”, reiterou.
Além da presidência do BRICS, o Brasil também vai sediar, em Belém, a COP30, com o desafio de avançar nas negociações para cumprir o que foi assinado no Acordo de Paris, em 2015. Naquele encontro, foi firmado o compromisso de manter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C e limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Marina lembrou que 2024 foi o ano mais quente da história, com a superação do limite crítico de 1,5°C.
O desafio que se impõe ao bloco tem a ver, principalmente, com a posição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de se retirar do Acordo de Paris e revogar no País todas as políticas governamentais de combate às mudanças climáticas e transição energética, privilegiando os combustíveis fósseis.
Por isso, a ministra reiterou o papel estratégico do BRICS como espaço de diálogo e construção coletiva de soluções. “Nossa capacidade de cooperação e diplomacia são mais necessários do que nunca. Sob o lema, avançando na cooperação ambiental entre os BRICS, rumo ao desenvolvimento sustentável e uma transição justa para todos, o Brasil reafirma seu compromisso com o multilateralismo e a cooperação entre países do Sul Global”, disse.
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, destacou os esforços que serão necessários para que esse importante evento sobre o clima alcance os objetivos, principalmente na atual conjuntura em que os países desenvolvidos não têm tido a liderança no combate às mudanças climáticas, como se esperava deles.
Um dos desafios em Belém será justamente buscar um patamar aceitável de financiamento para o combate às mudanças climáticas, que afetam principalmente os países menos desenvolvidos e que menos emitem gases do efeito estufa.
“Por isso, é fundamental avançarmos, ao mesmo tempo, em ações concretas que ampliem o financiamento climático — dos US$ 300 bilhões prometidos para, no mínimo, US$ 1,3 trilhão anuais. Nesse sentido, é essencial fortalecer mecanismos inovadores de financiamento. Um exemplo é o Mecanismo Florestas Tropicais para Sempre – TFFF, que busca garantir recursos contínuos para a proteção da natureza e valorização dos serviços ecossistêmicos das florestas tropicais”, concluiu Marina Silva.
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Editado por Adrisa De Góes
Fonte: Agência Cenarium