Celebrado no dia 14 de novembro, o Dia Mundial do Diabetes foi criado, em 1991, pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) para conscientizar o mundo sobre o reflexo do diabetes na saúde e mortalidade da população. Em 2006, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu a data para enfatizar a característica epidêmica e o impacto social e econômico provocado pela doença. A cor azul foi escolhida representando as cores da ONU, lembrando que o diabetes está presente em todo o mundo.
Embora existam diferentes tipos de diabetes, o tratamento é multiprofissional, ou seja, deve incluir uma equipe que possa dar suporte ao paciente e seus familiares. Neste cenário, o profissional de nutrição pode atuar tanto na prevenção de alguns tipos quanto no tratamento daqueles já com o diagnóstico alcançado.
Uma preocupante condição é o pré-diabetes, na qual já há alterações metabólicas importantes que devem ser tratadas. A boa notícia fica por conta de que cada vez mais se estuda sobre o assunto. Estudos recentes apontam especialmente a redução de peso (5%) para quem tem pré-diabetes ou diabetes tipo 2 como um fator importante para o controle das alterações metabólicas.
Por meio da alimentação, é possível trazer um dos componentes da educação em diabetes, também conhecida, por meio dos sete comportamentos do autocuidado.
No Brasil, nosso referencial para este comportamento é trazer as orientações do guia alimentar para a população brasileira. A indicação, assim como as diretrizes para nutrição em diabetes orientam que a alimentação de toda a população, com ou sem diabetes, deve ser baseada em alimentos in natura (frutas, verduras, legumes e carnes) e produtos minimamente processados (arroz, feijão), limitando o consumo de alimentos processados (geleia, atum enlatado, queijo) e evitando alimentos ultraprocessados (sorvetes, barra de cereal, macarrão instantâneo).
Alimentos como legumes, folhas, frutas e cereais integrais que agregam grande quantidade de fibras devem ser consumidos diariamente pois estão relacionados ao melhor controle do diabetes. Aqui, o desafio é estabelecer o tamanho da porção para que os benefícios sejam de fato percebidos.
O tratamento do diabetes depende de uma equipe multiprofissional especializada e, se possível, com educadores em diabetes credenciados pelos órgãos internacionais tornando o cuidado integrado. Neste contexto, o nutricionista como membro da equipe é parte fundamental. Isso porque para muitos dos pacientes, o diagnóstico se correlaciona negativamente com o prazer em comer. Nosso papel é apoiar, orientar e traduzir as informações em saúde e para a linguagem do paciente e facilitar as escolhas alimentares. Sendo imprescindível a presença profissional em todos os níveis de atenção em saúde para pessoas com diabetes.
A implantação de um protocolo de atendimento regular, com definição clara das atividades que podem ser realizadas em cada nível, favorecerá o acompanhamento da doença de base e o rastreamento mais precoce de suas complicações mais frequentes cardiovasculares e renais. Hoje, a doença renal crônica tem no diabetes uma das principais causas de seu aumento de prevalência e, pelo fato de evoluir silenciosamente até fases adiantadas da doença, a possibilidade de diagnosticá-la precocemente e controlar seus fatores de progressão é não apenas desejável, mas fundamental.
As afecções isquêmicas aparecem com maior frequência na idade adulta: apenas 7,8% antes dos 50 anos; 68,8% entre os 51 e 70 anos; e 23% acima dos 70 anos. A úlcera precede 85% das amputações de membro inferior entre diabéticos, documentando-se a presença de gangrena em 50-70% dos casos, e a presença de infecção em 20-50% deles. Portanto, na maioria das amputações de membro inferior há uma combinação de isquemia e infecção.
Diabéticos têm 15 vezes mais chances de desenvolver úlceras nos pés que conduzem à amputação do que os não diabéticos. Dos doentes diabéticos que sofreram amputação, de 50% a 60% terão a amputação do membro contra lateral no período de 3 a 5 anos.
A análise de dados, como os apresentados, em 2003, pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em sua publicação “Doenças Crônico-degenerativas e Obesidade – Estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde”, empalidece a realidade apresentada acima ao afirmar o crescimento mundial da verdadeira epidemia de diabetes no mundo, com dados que revelam o salto de 30 milhões para 135 milhões de portadores da doença em apenas uma década (1985-1995) e o número mundial de 177 milhões de diabéticos em 2000.
O estudo estima ainda que existirão aproximadamente 370 milhões de diabéticos no mundo em 2030. Mais preocupante ainda é a afirmativa de que a maioria desses doentes, nos países em desenvolvimento, estará na faixa de 45 a 65 anos, ou seja, em sua fase mais produtiva.
Nessa mesma publicação, a Opas coloca o Brasil entre os 10 principais países do mundo em população diabética, calculando em 4 milhões o número de mortes anuais atribuíveis às complicações da doença, sugerindo que os custos da doença possam variar de 2,5% a 15% dos orçamentos anuais da saúde nos países avaliados. Esses dados definem, indubitavelmente, a prioridade exigida, em todas as esferas de poder, para o gerenciamento específico, com medidas profiláticas e educativas adequadas que atinjam toda a população diabética e alcancem com a força e extensão necessárias os sistemas e profissionais de saúde, e a comunidade em geral