“Quem é que cumpriu o Protocolo de Quioto? Quem é que cumpriu as decisões da COP-15, em Copenhague? Quem é que cumpriu o Acordo de Paris?”, questionou. “Muitas vezes os bancos emprestam dinheiro e o dinheiro emprestado resulta na falência do Estado”, denunciou o presidente
O presidente Lula fez um balanço de sua viagem Europa onde visitou o Papa Francisco, reuniu-se com autoridades italianas, criticou a soberba europeia nas negociações com o Mercosul e defendeu que os temas da desigualdade e da pobreza devem ter o mesmo peso das questões ambientais nos debates em fóruns internacionais.
“Ontem, quando falei da luta contra a desigualdade junto com a luta pelo clima, é porque a desigualdade hoje é maior do que era. E precisamos nos indignar enquanto sociedade contra isso. Em uma reunião como a que tivemos ontem, a questão do Haiti não entrar em pauta, é como se não fosse uma questão de ninguém, mas na verdade é um problema de todos nós”, disse Lula, ao cobrar que os países ricos devem ajudar os países pobres a defender a natureza e combater a fome.
“Ou seja, nós somos um mundo cada vez mais desigual, e cada vez mais a riqueza está concentrada na mão de menos gente, e a pobreza concentrada na mão de mais gente. Se nós não discutirmos essa questão da desigualdade, e se a gente não colocar isso com tanta prioridade quanto a questão climática, a gente pode ter um clima muito bom e o povo continuar morrendo de fome em vários países do mundo”, apontou.
Em seu discurso na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, realizado na França, Lula foi contundente e representou os anseios de todo o Sul Global na crítica à ganância e à insensibilidade do sistema financeiro internacional. “Muitas vezes os bancos emprestam dinheiro e o dinheiro emprestado resulta na falência do Estado”, denunciou o presidente, ao falar sobre a atuação do FMI e do Banco Mundial. As duas instituições são controladas pelo governo dos Estados Unidos.
Ele deu como exemplo da atuação nefasta dessas duas instituições financeiras o que está acontecendo com a Argentina. “É o que estamos vendo na Argentina hoje. A Argentina, da forma mais irresponsável do mundo, o FMI emprestou 44 bilhões de dólares para um senhor que era presidente, não se sabe o que ele fez com o dinheiro, e a Argentina hoje está passando uma situação econômica muito difícil, porque não tem dólares nem para pagar o FMI”, denunciou Lula.
“Vamos ter claro que o Banco Mundial deixa muito a desejar naquilo que o mundo aspira do Banco Mundial. Vamos deixar claro que o FMI deixa muito a desejar naquilo que as pessoas esperam do FMI”, prosseguiu o presidente brasileiro. Ele destacou que esta “é uma ordem econômica que está perpetuando as desigualdades”. O representante brasileiro reforçou a importância do Banco dos Brics, que segundo ele, poderá servir como um verdadeiro banco de fomento para os países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).