Na data em que completa os seus 89 anos, Elson Farias e a editora Valer lançam a quarta edição, com poemas inéditos, do livro ‘Romanceiro do Rio Amazonas’, dia 11 de junho de 2025, às 17h, na Valer Teatro, localizada na rua José Clemente, 600, Centro de Manaus, no Largo São Sebastião. O evento tem entrada gratuita.
Esta edição, atualizada e ampliada, tem uma história bastante antiga e remonta ao ano de 1966, com a feitura do ‘Pequeno romanceiro do rio Amazonas’, constituído por 21 poemas reunidos no livro ‘Ciclo das águas’. Mais tarde, na sua segunda edição, eles saíram em uma coletânea ampliada em duas reedições de 38 unidades, cujo título é ‘Romanceiro’, publicadas pela editora Puxirum. A terceira edição foi publicada pela editora José Olympio.
Na edição atual, foram acrescentados 39 poemas, somando 77 ao todo, com o título ‘Romanceiro do rio Amazonas’, o que representa, cantado em versos, o olhar do poeta após o passeio que fez pelo Estado do Amazonas.
De acordo com a coordenadora editorial da Valer, professora doutora em Filosofia Neiza Teixeira, no seu olhar poético, Elson Farias desenvolveu os seguintes motivos: os enraizados nos costumes e nos anseios do povo amazonense, na relação do mundo feminino e do homem com o rio, nos banhos, na lavagem de roupa, na coleta de água para beber e cozinhar, nas pescarias, nas caçadas no centro da floresta, bem como os romances da vida urbana de Manaus.
“Os leitores verão, ainda, que este Romanceiro aborda um dos temas mais caros e sensíveis a cada um de nós: a existência humana e uma das suas maiores inquietações – a morte”, escreveu Neiza na orelha do livro.
Elson Farias foi um dos primeiros integrantes do Clube da Madrugada, que neste ano de 2025 completa 89 anos, e é um dos mais profícuos autores amazonenses, inclusive um dos pioneiros da literatura infantojuvenil no Estado do Amazonas, criando um cenário amazônida, com o fim de divertir e dar a conhecer a região, contribuindo, assim, para a formação da identidade e fortalecendo o sentimento de pertença ao seu lugar na criança nascida neste Estado. É, ainda, autor de ensaios e crítica literária.
“Este é um dos livros mais belos da poesia amazônida. O autor conduz-nos por uma Amazônia, que é sofrida, mas que é esplendorosa e que preserva um tipo humano digno de atenção: um dos maiores oferecimentos da Amazônia é o caboclo que habita nas florestas e nas margens do rio. Isso, o poeta viu muito bem”, ressaltou Neiza.
Elson Farias explicou que decidiu voltar à ideia inicial e conferir ao livro, nesta edição, o título de ‘Romanceiro do rio Amazonas’, considerando ainda o juízo crítico de Antônio Houaiss, revelado em carta que o próprio enviou ao poeta sobre o livro, onde ele diz que o Amazonas se faz, assim, “o rio por excelência, sobretudo como matéria poética”.
Na organização deste volume, o escritor ouviu ainda, a sugestão da professora Maria Luísa Germano de Souza, que, em dissertação apresentada para a conclusão do curso de Pós-graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia, em 2010, da Universidade Federal do Amazonas, examina a estrutura da obra dividida em falas que vão em itálico e antecedem as sequências temáticas. Diz a professora Maria Luísa que a forma adotada na tessitura do livro “pode levar o poeta a fazer novas edições com a inserção de mais poemas e/ou romances. O que nos leva a crer que o Romanceiro seja um livro inconcluso, uma vez que a história do homem também o é”.
“Sob essa atmosfera de estímulos, prossegui na realização dos poemas reunidos nesta edição. Vale lembrar que o modelo tradicional do romanceiro constitui um gênero épico-lírico surgido na Baixa Idade Média, ocupando-se de temas faceiros ou graves, geralmente breves, escritos em redondilhas com a primazia da rima toante.”, escreveu Elson no prefácio.
Sobre Elson Farias
Elson José Bentes Farias, nasceu em Roseiral (município de Itacoatiara), em 11 de junho de 1936. Filho de Elesbão Pereira Farias e Maria Secundina Bentes Farias, morou em várias cidades e vilas amazonenses, acompanhando seu pai no trabalho de comércio e financiamento de extratores de produtos regionais em cidades como Itacoatiara, Urucará, São Sebastião do Uatumã e Parintins.
Estudou nas escolas públicas até o primeiro ano do curso de formação de professores, feito no antigo Instituto de Educação do Amazonas, em Manaus, para onde se mudou aos 18 anos e reside até hoje. É casado com Roseli Franco de Sá Farias e possui três filhos, Marcelo, Klarisse e José Eugênio.
Ao chegar a Manaus, ingressou no movimento de renovação das letras representado pelo Clube da Madrugada. É membro da Academia Amazonense de Letras, da qual foi presidente, em dois períodos, de 2004-2005 e 2006-2007. Com alguns companheiros, fundou em Manaus a União Brasileira de Escritores do Amazonas, tendo sido seu primeiro presidente.
Foi diretor do Departamento de Cultura, transformando-o na Fundação Cultural do Amazonas, da qual foi o primeiro superintendente. Elson Farias também exerceu as funções de secretário de Estado da Educação e Cultura e da Comunicação Social.
Hoje, realiza viagens de estudos e de passeio no Exterior. Seu trabalho nos domínios da poesia, prosa de ficção, ensaio e literatura infantojuvenil expressa temas da Amazônia, a paisagem e o homem, os mitos e a natureza.
