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Em nome dos mortos, que Bolsonaro viva muito


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*Por William De Lucca

Desejo, do fundo do coração, que Jair Bolsonaro tenha uma vida longa. E não é força de expressão. É um desejo genuíno: que ele viva muito, plenamente consciente, com vigor físico suficiente para carregar, dia após dia, o peso de suas escolhas.

Isso não tem a ver, entretanto, com a tentativa de ostentar alguma superioridade moral em relação a quem deseja sua morte. Compreendo esse sentimento — ele é demasiadamente humano. Mas acredito que desejá-lo não muda o que foi feito.

Como ateu, e com a convicção firme de que nossa aventura humana termina nesta vida — e não em qualquer outra, passada ou futura —, entendo que a morte não é uma condenação. É apenas o fim. É a ausência de tudo, inclusive da possibilidade de reparação.

Por isso, quero Bolsonaro muito vivo. Vivo em nome dos mortos que ele carregará para sempre nas costas da história.

Enquanto o mundo tentava conter a COVID-19 com seriedade e ciência, Bolsonaro se especializou na sabotagem. Promoveu aglomerações, ironizou o uso de máscaras, minimizou as mortes, debochou dos internados, imitou os doentes, propagou medicamentos ineficazes contra a doença e atrasou, de forma criminosa, a compra de vacinas.

No auge da pandemia, fez piada. Disse que nada podia fazer porque não era coveiro. Afirmou que quem era “forte” não precisava se preocupar. Disse que vacinas poderiam causar AIDS ou transformar as pessoas em “jacarés”.

Segundo a CPI da Pandemia, até 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas com uma gestão minimamente responsável. Quatrocentas mil vidas — amigos, pais, mães, filhos, avós — que poderiam estar entre nós. Em vez disso, foram sacrificadas no altar do negacionismo, da arrogância e do extremismo, para alimentar — usando seu próprio léxico — uma narrativa falsa.

Cada uma dessas mortes merece um dia a mais de vida para Jair Bolsonaro.

Um dia de dor. Um dia de exaustão. Um dia de agonia física e psicológica. Um dia de isolamento, sufocamento, desespero.

Desejo que Bolsonaro tenha tempo de sobra para sentir, na própria pele — e na cadeia, onde deveria cumprir pena por sua gestão da pandemia, ainda que acabe preso por tentar um golpe de Estado —, o peso de cada vida perdida.

Que viva o suficiente para assistir, impotente, à reconstrução do país que tentou devastar e à consolidação da democracia que tentou suprimir.

Que siga vivo e consciente para enfrentar, sem anestesia e sem anistia, o julgamento da história — ainda que eu não alimente qualquer ilusão de que ele, nesta altura da vida, seja capaz de algum arrependimento genuíno.

Essa reparação, é claro, não trará de volta os 400 mil mortos assassinados pela irresponsabilidade e pela crueldade de Jair Bolsonaro durante a pandemia. Mas poderá, talvez, oferecer àqueles que perderam alguém nas mãos do genocida um alento que só a justiça — nunca a vingança — pode conceder.

 

* Jornalista do ICL Notícias e produtor de conteúdo



Fonte: ICL Notícias

Amazonas Repórter

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