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O ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, vai obrigar empresas brasileiras a gastarem R$ 126 bilhões a mais em juros até 2030, segundo reportagem do jornal Valor Econômico.
O cálculo, feito pela Alvarez & Marsal (A&M) Performance, leva em consideração o ciclo de alta da Selic, que saiu de um patamar de 10,50%, em agosto de 2024, para os atuais 14,25% ao ano.
O estudo analisou 3.780 títulos de dívida indexados ao CDI (taxa de referência para a renda fixa), de um total de 1.130 empresas. Só em 2025, deverão ser pagos R$ 26 bilhões adicionais em juros.
De acordo com a reportagem, para avaliar a capacidade de pagamento de juros das empresas, o estudo também analisou os dados mais recentes de 237 delas, de capital aberto, e comparou a geração de caixa livre – Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) menos capex (investimentos em bens de capital) – com as despesas de juros dos últimos 12 meses. O resultado mostra que 40% das companhias já tinham despendido mais recursos com juros do que gerado caixa.
Com Selic alta, 62% das empresas terão dificuldades para pagar refinanciar dívidas
O estudo também mostra que 62% das empresas deverão ter dificuldade para refinanciar suas dívidas com a mesma estrutura de capital, devido à alta da Selic.
Entre os setores com resultados mais preocupantes estão indústria, materiais, tecnologia e telecomunicações.
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que a situação é mais difícil para as pequenas e médias empresas.
Eles apontam que, com a alta dos juros, as empresas estão sendo forçadas a “esticar ao máximo” as dívidas, além de gerar caixa e cumprir com as demais obrigações.
Na segunda-feira (28), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que, embora existam indícios de uma desaceleração na atividade econômica, esses sinais ainda são muito preliminares. Segundo ele, é essencial manter a vigilância, especialmente sobre o comportamento dos preços.
A meta de inflação perseguida pelo BC é de 3% (centro), podendo oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto). Em março, a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), encerrou o mês de março com avanço de 0,56%, após registrar alta de 1,31% no mês anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, o indicador passou para 5,48%.
Durante sua participação em um evento promovido por um banco em São Paulo, Galípolo destacou que o BC continua aguardando uma desaceleração mais consistente da economia para poder repensar a atual política monetária de juros elevados.
Fonte: ICL Notícias