Sucesso de público e crítica, a série Adolescência, da Netflix, joga luz sobre a “machosfera” e mostra como as famílias perderam o controle sobre o que crianças e adolescentes acessam nas redes sociais. Um detalhe chama atenção: na escola do protagonista Jamie Miller (Owen Cooper), as aulas parecem resumir-se a uma sequência de vídeos e slides, com professores em segundo plano, sem promover qualquer debate ou estimular o pensamento crítico. A arte imita a vida. Em São Paulo, desde o início da gestão do secretário estadual de Educação, Renato Feder, em 2023, professores têm manifestado incômodo com a digitalização total do conteúdo pedagógico.
A “plataformização” tem sido alvo de denúncias por parte dos professores, que acreditam ser este apenas o início de um projeto de desmonte da educação pública, com o objetivo de privatizar completamente o ensino. O receio não é infundado. Além de anunciar o uso de Inteligência Artificial para a produção de materiais didáticos, o governador Tarcísio de Freitas confiou à iniciativa privada, no ano passado, a responsabilidade de construir e administrar 33 escolas estaduais por 25 anos. Acolhendo um pedido do PSOL, o Tribunal de Justiça de São Paulo havia reconhecido a ilegalidade da concessão da gestão de atividades escolares para empresas e invalidado dois leilões realizados pelo governo paulista. No entanto, o processo foi retomado após o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, acolher um recurso da Procuradoria-Geral do Estado.
Por: Carta Capital