Jogo foi banido de quatro países e retirado da plataforma original (Reprodução/Zerat Games)
12 de abril de 2025
Ana Pastana – Da Cenarium
MANAUS (AM) – Um jogo de vídeo game 3D, criado em 22 de março deste ano, identificado como “No Mercy” (“Sem Misericórdia“, na tradução livre), e para maiores de 18 anos, foi banido de países como o Reino Unido, Austrália, Portugal e Canadá por tornar possível aos jogadores a simulação de incesto e estupro de mulheres. Na página inicial do jogo, há um alerta de que o conteúdo “pode não ser apropriado para todas as idades ou para ser visto no local de trabalho”.
O jogo ganhou repercussão mundial em redes sociais, como TikTok e Instagram, onde usuários criticaram a finalidade do conteúdo que, explicitamente, simulava o estupro de mulheres e a dominação de homens a mulheres. O jogo traz mensagens como “nunca aceite um ‘não’ como resposta” e que o jogador pode ser tornar “o maior pesadelo das mulheres“.
O No Mercy estava disponível em uma das maiores plataformas games do mundo, a Steam, na qual é possível baixar jogos como The Last Of Us e Call Of Dutty. O valor cobrado pela compra do game era de € 13, o equivale a R$ 77, na cotação atual da brasileira. Apesar da avaliação do jogo ser considerada “muito positiva” por 230 usuários, no site da plataforma há um anúncio informando que o game “não está mais disponível na loja Steam“.
A descrição do No Mercy consta como: “sexo e violência, linguagem imprópria, nudez e representações gráficas de atividades sexuais orais, vaginais e outras“. A descrição informa, ainda, que o game contém “incesto, chantagem, sexo não consensual inevitável, uso de drogas, álcool e cigarros“. O jogo foi desenvolvido e publicado pela Zerat Games.
Alguns usuários classificam o jogo como “perturbador e angustiante“, e outros afirmam que é “inteiro sobre estupro mental e físico“. Na plataforma, na qual consta um espaço para avaliação, outros fazem uma avaliação positiva do produto. “Imagens muito bonitas e final muito instigante“, diz um terceiro.
A Valve, empresa responsável pela plataforma, também é acusada de “não ouvir as pessoas certas”. “Quem reclama são pessoas que nem jogam videogame adulto“, disse uma pessoa. “O jogo é bem leve no gênero ‘dark adult’, existem muitos jogos moralmente piorem dos quais ninguém reclama“, completou outra.
Repercussão
Com a repercussão mundial do jogo, governos de determinados países europeus tomaram medidas para proibir a veiculação do game. Foi o caso da Austrália, Canadá, Reino Unido e, agora, Portugal. Neste último, o Ministério Público informou que abriu inquérito, neste sábado, 12, relacionado com ao jogo No Mercy.
Em Portugal, a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Gênero (CIG) emitiu um comunicado, nessa sexta-feira, 11, agradecendo as instituições e pessoas que denunciaram a comercialização do jogo No Mercy.
“Foi graças à indignação manifestada por inúmeras mulheres e homens nas redes sociais e à atuação de todas as pessoas que acederam à plataforma Steam para denunciar o conteúdo de incitamento ao ódio presente no referido ‘videojogo’, que este foi, entretanto, removido e já não se encontra disponível em Portugal“, disse a comissão portuguesa.
A National Center on Sexual Exploitation, de Washington, nos Estados Unidos da América (EUA), também emitiu um comunicado, por meio do X (antigo Twitter), na qual solicita que a Steam assuma a responsabilidade pelo conteúdo.
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Pronunciamento
A Zerat Games, desenvolvedora do game, afirmou, no site Steam, que as imagens e vídeos que repercutiram nas redes sociais foram colocadas fora de contexto. A empresa também afirmou que alguns usuários estariam confundindo ficção com a realidade.
“Entendemos totalmente que para muitas pessoas tais coisas podem ser nojentas, mas, durante o sexo, as pessoas realmente devem poder fazer o que querem, contanto que não machuquem ninguém“, disse a Zerat Games.
Editado por Marcela Leiros
Revisado por Gustavo Gilona
Fonte: Agência Cenarium