Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), analisou no WW desta quinta-feira (27) o impacto das tarifas sobre carros impostas por Donald Trump nos Estados Unidos. Segundo Azevêdo, os resultados dessas medidas só serão percebidos no final ou até mesmo após o mandato do atual presidente americano.
O objetivo declarado por Trump é duplo: promover a reindustrialização norte-americana e incentivar montadoras a se estabelecerem em território americano, visando a criação de empregos. No entanto, Azevêdo aponta que esse processo enfrenta desafios significativos.
Desafios e incertezas
O ex-diretor da OMC destaca que a maturação de investimentos para novas fábricas nos EUA pode levar de três a quatro anos, considerando que as empresas já tenham tomado a decisão de fabricar no país, encontrado o local adequado e obtido todas as licenças necessárias.
Além disso, Azevêdo ressalta a incerteza gerada por essas medidas: “Ninguém vai começar a fabricar nos Estados Unidos ou onde quer que seja, sem saber quais são as regras do jogo”. Ele menciona que analistas estão tentando entender e quantificar o impacto para as empresas, mas encontram dificuldades devido à falta de clareza nas políticas.
Complexidade tarifária
A situação se torna ainda mais complexa quando se consideram os diferentes acordos comerciais e tarifas já existentes. Azevêdo cita o exemplo do Canadá, terceiro maior fornecedor de automóveis dos EUA, onde há dúvidas sobre quais tarifas serão aplicadas e como se acumularão com medidas anteriores.
O caso mais extremo mencionado é o dos automóveis elétricos chineses, que poderiam enfrentar uma tarifa agregada de 172%, resultado da soma de diversas medidas protecionistas implementadas ao longo do tempo.
Alerta histórico
Azevêdo faz um paralelo com a Lei Smoot-Hawley de 1930, que aumentou significativamente as tarifas americanas. Ele alerta que, embora essa lei não tenha causado a Grande Depressão, ela agravou a recessão e provocou retaliações que, em apenas cinco anos, fizeram desaparecer dois terços do comércio mundial.
O ex-diretor da OMC expressa preocupação com o cenário atual, especialmente considerando as novas tarifas previstas para 2 de abril, cujos detalhes ainda são desconhecidos. Essa incerteza, segundo ele, pode ter consequências significativas para o comércio global e a economia mundial.
Fonte: CNN Brasil