O falso perito, identificado como Elvys Marcos Pereira Gomes, de 55 anos (Divulgação/PC-AM)
29 de abril de 2025
Ana Pastana – Da Cenarium
MANAUS (AM) – A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) prendeu nessa segunda-feira, 28, em Manaus (AM), um homem identificado como Elvys Marcos Pereira Gomes, de 55 anos de idade, por se passar por perito “ad hoc” – profissional responsável por realizar perícia específica em processos penais – e coagir vítimas de estupro de vulnerável. O suspeito foi preso na capital amazonense e os casos aconteceram no município de Beruri.
Na ocasião, o falso perito coagiu quatro adolescentes, de idades de 13 a 15 anos, a mudarem os depoimentos na 80ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Beruri, onde foi denunciado o crime de estupro de vulnerável, praticado pelo pai e pelo avô delas, de 43 e 79 anos de idade, respectivamente.
A polícia teve acesso a dois vídeos em que Elvys Marcos interroga as vítimas, questionando se elas estariam felizes com as prisões do avô e do pai. Os homens foram presos em outubro de 2024. De acordo com a delegada responsável pelo caso, Rosane Ferreira, titular da 80ª DIP de Beruri, o suspeito não tem parentesco com as vítimas e nem com acusados do crime de estupro. A delegada também afirmou que há indícios de que o homem possa ter praticado o crime em outras cidades do Estado.
“Após a escuta dessas meninas e da prisão desses suspeitos, esse falso perito se apresentou na cidade como perito judicial, acompanhado de um advogado e passou a circular logo depois das prisões, onde ele indagava essas duas adolescentes sobre os fatos e responsabilizava elas pelas prisões“, explicou a delegada.
Segundo Ferreira, nos vídeos, as vítimas aparecem bastante abaladas. “É nítido a violência psicológica que ele pratica contra essas crianças, atribuindo a elas, questionando por que elas teriam denunciado o pai e dizendo que estava ali com o conhecimento da polícia para poder investigar aqueles fatos. Elas se mostram bastante abaladas e começam a dizer que não teria sido elas, mostrar que tem medo, a chorar, inclusive, se sentindo culpadas pela questão do pai estar preso“, disse.
O delegado diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), Paulo Mavignier, afirmou que, após o caso, a polícia tomou conhecimento de que familiares, especificamente no município de Beruri, em caso de estupros de vulneráveis no seio familiar, acabam acobertando esses parentes. Mavignier reforça que a prática é crime.
“O que nós temos de informações levantadas pela dra. Rozene é que os casos de abusos sexuais, que têm acontecido no município, principalmente no seio familiar, têm tido acobertamento por parte de familiares. Familiares tentam descontruir as histórias, tentam passar pano para que esses casos não cheguem à polícia“, afirmou o delegado.
A polícia apura se há participação de outros envolvidos no caso. As investigações seguem e o perito deve ficar à disposição da Justiça.
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Editado por Adrisa De Góes
Fonte: Agência Cenarium