Indicadores socioambientais mostram que as ações da FAS contribuíram para aumento da renda das comunidades vulneráveis, na redução do desmatamento, no incentivo à educação e à atenção primária em saúde
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que foi eleita a melhor ONG do Brasil em 2021 e a melhor do Amazonas ano passado, completa 15 anos de atuação na promoção da conservação ambiental e melhoria da qualidade de vida das comunidades da floresta. Ao longo de sua trajetória, a FAS beneficiou mais de 200 mil famílias na Amazônia.
Em parceria com instituições privadas, públicas e de base comunitária, a FAS promove o bem-estar de populações ribeirinhas, indígenas e periféricas. Um dos principais impactos das ações da FAS foi a redução da pobreza extrema em unidades de conservação no interior do Amazonas: aumento de 202% na renda média familiar, por meio de programas e projetos de bioeconomia, empoderamento social e investimentos em comunicação, transporte e educação.
“O Bolsa Floresta foi elaborado de forma participativa, com ampla discussão tanto nas comunidades quanto em instituições governamentais e não governamentais. O modelo supera o simples pagamento por serviços ambientais, é um processo de engajamento dessas populações na agenda da conservação e da redução do desmatamento”, afirma o superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana.
Na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, por exemplo, a renda familiar saltou de R$ 497 em 2011 para R$ 968 em 2019. O Programa Guardiões da Floresta, uma reformulação desde 2022 do Programa Bolsa Floresta, o maior programa de pagamento por serviços ambientais do Brasil, é uma política pública do Estado do Amazonas implementada pela FAS e beneficia 40 mil pessoas anualmente. De 2008 a 2020, mais de R$ 92 milhões foram aplicados diretamente às famílias pelo programa, adicionalmente aos investimentos em geração de renda, educação, proteção de direitos, empoderamento, saúde e monitoramento socioambiental.
“Depois que foi criado, o Programa Bolsa Floresta, as comunidades se desenvolveram mais, as lideranças comunitárias tiveram capacitações. O programa só veio desenvolver e agregar valores à própria cultura dos comunitários”, avalia Viceli Costa, presidente da Associação-Mãe da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro.
Aliança Covid Amazônia
No pico da pandemia de Covid-19, em março de 2020, a FAS criou a Aliança Covid Amazônia. Hoje, a Aliança tem mais de 219 parceiros e beneficiou mais de 40 mil famílias em 134 Unidades de Conservação, Terra Indígenas e sedes de municípios na região. A Aliança doou 27.930 cestas básicas, 375.990 máscaras e 24.110 frascos de álcool em gel, entre outros, além de disseminar informações para prevenção contra o vírus entre as populações vulneráveis.
“Por meio da Aliança, trouxemos para essas comunidades equipamentos, estratégias, alimentos, remédios e insumos importantes para auxiliar o trabalho dos agentes de saúde locais. As atividades realizadas foram fundamentais para diminuir os impactos da Covid-19, trazendo inúmeros benefícios. Inclusive, com ações pós-pandemia”, comenta Virgilio Viana.
A Aliança também angariou recursos para a compra de ambulanchas, para transporte e primeiro atendimento de pacientes em urgência médica, combustíveis para o deslocamento e a instalação de mais de 60 polos de telessaúde e telemedicina.
“Em nome de todos os comunitários, eu gostaria de agradecer a Fundação Amazônia Sustentável por todas as ações realizadas em nossa comunidade, pelas cestas básicas, pelos kits de proteção contra a doença”, diz Ronildo da Silva, representante da comunidade Curupaiti, no Rio Madeira.
Telessaúde
Outro destaque da instituição foi a instalação do projeto de telessaúde para atuar com foco na atenção primária em comunidades ribeirinhas e indígenas. Para isso, com o apoio de parceiros, a ONG instalou 66 pontos de telessaúde em 22 municípios na Amazônia, atendendo mais de 2,3 mil pessoas e capacitando de 930 profissionais de saúde.
Os pontos de conectividade são equipados com estrutura de atendimento e acesso à internet, para consultas online, e tem à disposição as especialidades de medicina, enfermagem e psicologia. “Os pontos de teleatendimento são um dos grandes avanços da FAS. Antes, quando chegava atendimento médico na comunidade, era apenas uma especialidade, geralmente um clínico geral. Hoje eles já conseguem ter atendimento psicológico, médico e de enfermagem de forma online. Foi um grande avanço”, enfatiza Valcléia Solidade, superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS.
Redução do desmatamento
Nas unidades de conservação que a FAS historicamente trabalha no Amazonas, aproximadamente 11 milhões de hectares, houve uma redução de desmatamento em 40% no período de 2008 a 2021.
Adicionalmente, comparando-se as áreas em que a FAS atua com as demais, os dados apontam queda no desmatamento de 12%, entre 2020 e 2021, e de 27% em focos de calor, entre 2020 e 2022.
O resultado é um reflexo do compromisso das populações locais atendidas pela FAS, que, voluntariamente, abraçaram o “desmatamento zero”. A abordagem sistêmica da FAS foi fundamental nesse processo, pois integrou atividades de transferência de renda, empoderamento comunitário, educação, saúde e empreendedorismo em prol da proteção da floresta e a prosperidade dos povos da floresta.
“Conforme visto nas áreas apoiadas pela FAS, a implementação de programas e projetos com abordagem sistêmica, olhando para saúde, educação, proteção de direitos, renda e meio ambiente, tem tendência de queda de desmatamento e aumento de prosperidade dos povos da floresta”, aponta o superintendente-geral da FAS.
Educação para a juventude
Na área da educação, a FAS executa o Programa de Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinha da Amazônia (Dicara) que é voltado para o público de 0 a 17 anos em comunidades ribeirinhas e bairros periféricos de municípios do interior do Amazonas. As atividades realizadas nos eixos de educação, saúde e cidadania promovem a proteção e garantia dos direitos, empoderamento e o desenvolvimento de habilidades e potencialidades das crianças e adolescentes.
“Nós trabalhamos para desenvolver as habilidades dos jovens, o empoderamento deles através do conhecimento, do incentivo. Mas os benefícios vão além, pois o Dicara se torna um ganho para a comunidade em geral, porque envolve os pais, líderes comunitários e traz um conhecimento que, por vezes, fica distante da realidade vivida nos locais”, ressalta a gerente do Programa de Educação para Sustentabilidade da FAS, Fabiana Cunha.
Os indicadores apontam que nas áreas com projetos de educação da FAS, a evasão escolar diminuiu 87% entre 2019 e 2022. O Dicara contribuiu com a diminuição do uso de drogas e álcool entre jovens em 62%, entre 2020 e 2022, além de promover a queda de 84%, entre 2019 e 2022, na taxa de crianças e adolescentes sem documentação oficial.
Adriane Silva, 16 anos, participa há três anos da iniciativa. Para a moradora do município de Uarini, no Amazonas, a experiência dos cursos trouxe resultados significativos para sua vida. “Tive oportunidade de realizar cursos de informática e educação ambiental, onde nos ensinam como cuidar da comunidade e da natureza. O conhecimento que adquirimos nas aulas nos permitem ensinar as pessoas das nossas famílias e amigos que nunca tiveram essa oportunidade, passando o conhecimento para a comunidade de como conservar o lugar onde vivemos”.
Sobre a FAS
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia por meio de programas e projetos nas áreas de educação e cidadania, saúde, empoderamento, pesquisa e inovação, conservação ambiental, infraestrutura comunitária, empreendedorismo e geração de renda. A FAS tem como missão contribuir para a conservação do bioma pela valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade e pela melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia. Em 2023, a instituição completa 15 anos de atuação com números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 40% no desmatamento em áreas atendidas entre 2008 e 2021.