Entre 2018 e 2024, nenhum policial foi responsabilizado por abordagem violenta contra a população no estado de São Paulo, de acordo com o estudo do Centro de Pesquisa Aplicada em Direito e Justiça Racial da FGV Direito SP, divulgado nesta segunda-feira (5).
Em 62% dos casos, as vítimas eram pessoas negras, de acordo com o estudo. A análise foi feita com base em documentos de 859 procedimentos criminais, como boletins de ocorrência, relatórios e laudos, pareceres do Ministério Público e decisões judiciais.
Entre os inquéritos, uma a cada quatro vítimas foi fatal — foram 946 mortes em seis anos, sem responsabilização por parte da polícia. O Ministério Público optou pelo arquivamento de 100% das manifestações, e cerca de 90% desses justificados como legítima defesa.
Termos como “prática de crime” ou “atitude suspeita” foram usados para justificar as abordagens violentas, de acordo com a análise dos pesquisadores. O estudo ainda destaca que partes de investigações são omitidas como forma de favorecer a versão da política.
O exame de resquício de pólvora nas vítimas, por exemplo, foi negligenciado em 85,4% dos casos. Nos exames realizados, apenas 1% apresentou resultado positivo para disparo pelas vítimas.
“Os dados reunidos revelam um cenário de persistente impunidade, no qual a atuação policial letal é sistematicamente legitimada por narrativas oficiais, sustentadas em registros documentais marcados por seletividade racial, apagamentos e omissões técnicas” explica Julia Drummond, coordenadora-geral do Mapas da (In)Justiça.
A CNN entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo e não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Fonte: CNN Brasil