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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Genética ou estilo de vida? Pesquisas recentes sobre o Alzheimer estão mudando o que se sabia sobre a doença

O que os cientistas imaginavam ser a causa, parece agora uma consequência de um processo que começa muito antes. O repórter Álvaro Pereira Júnior conversou com pessoas que convivem com o Alzheimer e com especialistas, no Brasil e no exterior.

As pesquisas mais recentes sobre o Alzheimer estão mudando tudo o que se sabia sobre a doença. O que os cientistas imaginavam ser a causa, parece agora uma consequência de um processo que começa muito antes.

Em reportagem a um programa televisivo, o repórter Álvaro Pereira Júnior conversou com especialistas e pessoas que convivem com o Alzheimer, no Brasil e no exterior.

Afinal, o que é determinante para o surgimento do Alzheimer: a genética ou o nosso estilo de vida? Vale reforçar que, para prevenção da doença, as dicas são as de sempre: atividade física, alimentação saudável, controle de colesterol, entre outras.

De maneira geral, é possível dividir o Alzheimer em estágios.

Na fase inicial, surgem, normalmente, alterações de memória, de personalidade e das habilidades visuais e espaciais. A escritora inglesa Wendy, de 66 anos, por exemplo, recebeu diagnóstico depois de cair duas vezes, sem ter tropeçado em nada, quando corria na rua.

Já para o médico brasileiro Fausto, de 78 anos, os primeiros sinais surgiram durante o trabalho. “A minha cabeça não era mais a que eu queria que fosse”, diz.

Depois das manifestações iniciais, podem aparecer, mais para a frente, dificuldades para falar, cumprir tarefas simples e coordenar movimentos, além de agitação e insônia. E é só bem mais adiante que aparecem os sintomas mais graves: deficiência motora muito séria, não conseguir engolir, não falar mais e não sair da cama.

Sintomas do Alzheimer — Foto: Reprodução/TV Globo

Dentro desse contexto, a professora de Geriatria da Faculdade de Medicina da USP, Cláudia Suemoto, explica que o cenário para quem estuda Alzheimer está mudando.

“Estamos vivendo uma era bastante emocionante e com grande promessa de talvez ter a cura nos próximos anos”, projeta.

Segundo a especialista, há muitos investimentos em busca da cura do Alzheimer, dada a gravidade do problema. Ela cita como fruto desses investimentos a teoria mais aceita na literatura sobre as causas da doença, liderada pelo professor John Hardy, pesquisador que trabalha em Londres.

A teoria desenvolvida pelo grupo do doutor Hardy funciona assim:

  • a grande maioria dos pacientes de Alzheimer tem o cérebro envolvido por placas de uma proteína chamada beta-amiloide;
  • essas placas vão tomando conta do espaço, e impedem a passagem dos impulsos nervosos de um neurônio para o outro;
  • Isso provoca uma espécie de curto-circuito no sistema nervoso central, porque os neurônios são as células mais importantes do cérebro.
No Alzheimer, placas da proteína beta-amiloide tomam conta do espaço e impedem a passagem dos impulsos nervosos de um neurônio para o outro. — Foto: Reprodução/TV Globo

A equipe de Londres descobriu, inclusive, a mutação no DNA que causa esse acúmulo da proteína beta-amiloide. Tudo resolvido, então, sobre as causas do Alzheimer? Não é bem assim.

“A descoberta de uma cura, com base na nossa teoria, está demorando muito mais do que eu imaginava. Parte da explicação é a doença. Ela é bem mais complicada do que parecia. Desvendar o Alzheimer está levando muito tempo”, afirma Hardy.

A doutora Cláudia Suemoto, da USP, explica que a grande maioria dos novos remédios, criados para curar o Alzheimer, ataca justamente as placas. Entretanto, ou não eliminam os sintomas ou aliviam só um pouco. Três novos medicamentos, que têm efeitos discretos, já foram aprovados nos Estados Unidos.

“Lá no começo, a gente achava que um medicamento contra as placas amiloides iam ser uma bala mágica. Mas, primeiro, foi difícil desenvolver os remédios. E, mesmo quando esses remédios funcionam, não são uma bala mágica. Vamos precisar descobrir mais coisas”, diz.

Ou seja, o acúmulo de placas no cérebro é só um dos fatores da doença.

Outra linha promissora de estudos é sobre as células de defesa chamadas micróglias, que funcionam como aspiradores de pó para tirar a sujeira do cérebro — mas, com o avanço da idade, vão perdendo capacidade e acabam agravando inflamações.

Há ainda, entre os estudos mais recentes, as pesquisas sobre a proteína Tau. No Alzheimer, ela forma “emaranhados” dentro dos neurônios. A imensa maioria de pessoas quem têm esses emaranhados apresenta sintomas da doença.

Afinal, a cura para os próximos dez anos pode vir?

“É difícil dar uma data precisa. Mas acredito que sim. Primeiro, porque o mundo está olhando para esse problema. Por quê? Porque é um problema que virou cotidiano de todo mundo. Está afetando muitas pessoas por causa do envelhecimento populacional”, conclui a doutora Cláudia Suemoto, da USP.

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