Tudo sobre Inteligência Artificial
Stacey Wales precisava escrever uma declaração de impacto da vítima para a condenação do homem que matou seu irmão, Christopher Pelkey, num caso de fúria do trânsito em 2021. “Tente trazê-lo à vida”, recomendou um advogado. Então, ela teve uma ideia: usar inteligência artificial (IA).
Em 1º de maio, durante a audiência de sentença no Arizona (EUA), ela mostrou um vídeo com um avatar de seu irmão, criado com IA. E o resultado emocionou quem estava no tribunal.
IA ajudou mulher a ‘dar vida’ à declaração de seu irmão, morto em briga de trânsito, em tribunal
“Só para deixar claro para todos que estão vendo isso”, disse o avatar de Pelkey. “Sou uma versão de Chris Pelkey recriada por meio de IA.”
No vídeo, a réplica digital de Pelkey agradeceu ao juiz, disse acreditar no perdão e falou diretamente ao homem que o matou: “Em outra vida, provavelmente poderíamos ter sido amigos.” Para sua família, deixou uma despedida: “Bom, agora vou pescar.”
Apesar da voz cortada e dos movimentos robóticos do rosto, o vídeo emocionou amigos, familiares e o juiz Todd Lang, da Suprema Corte do Condado de Maricopa, segundo o jornal Washington Post. “Senti que foi genuíno”, disse o juiz, que afirmou ter “adorado aquela IA”.
Lang condenou o acusado, Gabriel Horcasitas, a dez anos e meio de prisão — a pena máxima para homicídio culposo, exatamente o que Stacey Wales pediu.
Pelkey foi morto em novembro de 2021, em Chandler, Arizona. Ele saiu do carro ao ser buzinado por outro motorista. E foi morto a tiros por Horcasitas, segundo registros judiciais. Em março, um júri condenou o homem por homicídio culposo.
Uso de IA no caso
Com a aproximação da sentença, Stacey buscou vídeos, fotos e depoimentos para mostrar ao juiz quem era seu irmão. Mas ela quis ir além. “Pensei comigo mesma: ‘E se o Chris pudesse fazer sua própria declaração de impacto?’”, contou ao jornal.
Seu marido, Tim Wales, é empreendedor da área de tecnologia e já tinha experiência com IA generativa. Ele e um amigo usaram ferramentas para animar uma foto de Pelkey, clonar sua voz e fazer seu rosto se mover.
Já o discurso foi escrito à mão por Stacey, sem ajuda de IA, frisou ela. A mulher se baseou no que acreditava que Chris diria para escrever o texto.
Ao contrário de outros casos em que o uso de IA gerou polêmica, o vídeo de Stacey foi bem recebido. Em Nova York, por exemplo, um homem foi criticado por usar um avatar para se representar numa disputa trabalhista. Em Washington, um juiz rejeitou um vídeo aprimorado com IA num caso de triplo homicídio.
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A professora de Direito da Universidade Estadual do Arizona, Diana Bowman, explicou ao jornal que o caso de Stacey evitou problemas porque o vídeo foi usado após a condenação. E deixou claro que era gerado por IA.
Para Stacey, não foi injusto dar voz ao irmão no tribunal. Para ela, foi uma forma de manter viva sua memória. Também serviu como encerramento para a família, após um longo processo judicial.
Fonte: Olhar Digital