Uma segunda vítima, identificada como Graciela Román, foi agredida pelo adolescente J.D.R.F, de 16 anos (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
10 de abril de 2025
Ana Pastana – Da Cenarium
MANAUS (AM) – Novas imagens mostram o momento em que uma segunda vítima, identificada como Graciela Román, foi agredida pelo adolescente J.D.R.F, de 16 anos, preso por suspeita de ser o autor do assassinato da estudante de Medicina Jenife do Socorro Almeida da Silva, de 39 anos, encontrada morta no último dia 2 de abril, em um apartamento na cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Ela estava no país boliviano para concluir a faculdade, onde estudou por seis anos.
No vídeo divulgado no Facebook e em um grupo de conversa do WhatsApp, o adolescente aparece junto com o irmão, identificado pela denunciante como Carlos Eduardo de Oliveira Ferrel, e outras quatro mulheres, em um corredor de um local não identificado. De acordo com a vítima, as imagens são do dia 22 de dezembro de 2024.
Segundo relatou Graciela, ela e a mãe foram até o local após receberem uma ligação da irmã, que não teve o nome divulgado, afirmando que estava sendo agredida por Carlos Eduardo. Os dois tinham um relacionamento amoroso. “Cheguei na casa da minha irmã com minha mãe, pois recebi uma ligação dela pedindo ajuda que estava sendo agredida por ele [Carlos Eduardo] e não queria entregar a bebêzinha. Logo chegou sua mãe com seu irmão (J.D.R.F) e sua tia. Nesse dia fui agredida por Carlos Eduardo de Olivera e por J.D.R.F, fisicamente e verbalmente, pela sua mãe e tia“, escreveu.
As imagens das câmeras de segurança do local mostram Carlos Eduardo, de blusa amarela e bermuda preta, segurando uma bebê de colo. Graciela, de blusa cinza com listras pretas e calça jeans azul, luta com o cunhado na tentativa de tirar o bebê do agressor. No primeiro momento, Carlos empurra a mulher contra a parede. Em seguida, uma mulher de blusa amarela e calça azul, identificada como irmã de Graciela, parte para cima de Carlos para defender a irmã, neste momento, ele empurra a cabeça da vítima contra a parede.
No mesmo momento do confronto de Carlos Eduardo contra Graciela e outra mulher, a irmã, J.D.R.F surge nas imagens de camisa de manga longa cinza e calça preta, empurrando Graciela e, em seguida, desfere um soco no rosto da mulher. Ele também chega a empurrar a irmã de Graciela.
Em outro ângulo, o irmão do adolescente aparece correndo em um corredor ainda com a bebê no colo. Ele vira e desfere um soco contra Graciela, e a mulher cai desmaiada ao chão.
Veja o vídeo:
Relembre o caso
Natural de Santana (AP), Jenife do Socorro Almeida da Silva estava na Bolívia para concluir a faculdade de Medicina. Ela morava na cidade de Santa Cruz de La Sierra, onde fez o curso durante seis anos. O corpo da universitária foi encontrado no dia 2 de abril, no apartamento onde residia, no bairro Vale Azul. Jenife deixou dois filhos.
As autoridades investigam suspeita de feminicídio. A apuração inicial do Ministério Público da Bolívia apontou que a estudante morreu por asfixia mecânica, de acordo com exame de autópsia forense. Um laudo também indicou que a vítima foi estuprada e esfaqueada.
Segundo uma amiga, Jenife conheceu o suspeito no domingo, 30 de março, na Praça 24 de Setembro, considerado o principal símbolo turístico da cidade de Santa Cruz de La Sierra. Dois dias depois, no dia 1°, ela assistiu a uma aula na Universidade de Aquino Bolívia (Udabol) e, depois, foi ao encontro do jovem.
Ainda de acordo com os amigos, o último “sinal de vida” de Jenife Silva foi na noite do dia 1º, quando ficou on-line no aplicativo WhatsApp. No outro dia, um dos filhos dela também buscava por notícias da mãe. Preocupada, uma amiga, identificada como Andressa, foi ao apartamento da estudante, no bairro Vale Azul, onde recebeu a notícia de que o corpo havia sido encontrado e levado pelas autoridades.
Os amigos de Jenife relatam que a preocupação é pela possível impunidade do autor do crime, que seria de família rica e influente no País. A família é proprietária de uma praça de food trucks em Santa Cruz, além de outros estabelecimentos comerciais, como uma loja de joias.
“Ela sofreu feminicídio em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e o assassino supostamente é menor de idade, mas a polícia boliviana é bastante corrupta, e como a família tem posses, tudo nesse caso soa estranho e sem informações. Por favor, precisamos do apoio da mídia brasileira para ter esclarecimentos, sem exposição não irão agir contra uma família rica“, disse uma amiga.
Protestos
Familiares e amigos da estudante brasileira se mobilizam em um protesto que aconteceu no último dia 8, para pedir justiça e exigir respeito pelos direitos dos estrangeiros no país vizinho. A mobilização aconteceu aos pés do monumento do Cristo Redentor, no cruzamento das avenidas Cristóbal de Mendoza, Cristo Redentor e Monseñor Rivero, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Amigo próximo de Jenife Silva, o boliviano Cristian Wilde afirmou à CENARIUM que as leis bolivianas não asseguram os direitos dos estrangeiros, e um dos objetivos da mobilização é mudar essa realidade.
“Pedimos justiça pela morte de Jenife e exigimos respeito aos cidadãos brasileiros residentes na Bolívia, seus direitos são violados, o consulado não os protege, eles lavam as mãos“, declarou. “Queremos mudar as leis para estrangeiros na Bolívia. Nada os protege e nada cuida deles, e são muitos os que estudam há anos e lutam por um sonho“.
O adolescente teve a prisão preventiva de 45 dias decretada. O momento em que ele deixou o Palácio da Justiça foi registrado pelos manifestantes presentes no local.Adolescente deixou o Palácio da Justiça na sexta-feira, 4 (Reprodução)
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Fonte: Agência Cenarium