Considerada a dívida mais cara do Brasil, os juros do rotativo do cartão de crédito subiram de 441% ao ano, em janeiro, para 450,6% ao ano em fevereiro deste ano. A alta foi de 9,6 pontos percentuais, conforme o relatório de Estatísticas Monetárias e de Crédito divulgadas na manhã desta quarta-feira (9) pelo Banco Central.
O brasileiro entra no rotativo quando opta por pagar o valor mínimo da fatura do cartão de crédito, rolando a dívida. Especialistas aconselham o detentor do cartão a fugir dessa modalidade, responsável por grande fatia do endividamento do brasileiro.
O aumento aconteceu apesar de o CMN (Conselho Monetário Nacional) ter limitado, desde janeiro de 2024, o valor total da dívida dos clientes no cartão de crédito rotativo. O valor do débito não pode mais exceder 100% da dívida original.
Se a dívida for de R$ 100, por exemplo, a dívida total, com a cobrança de juros e encargos, não poderá exceder R$ 200. Lembrando que o custo do IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras está fora desse cálculo.
Em relação ao cheque especial, outra dívida considerada cara, os juros subiram de 135,6% ao ano, em janeiro, para 144,4% ao ano em fevereiro. O aumento foi de 8,8 pontos percentuais.
Juros de operações de crédito atingem maior patamar desde maior de 2023
A taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas subiu 1,5 ponto percentual em fevereiro deste ano – e fechou o mês em 43,7% ao ano. Esse é o maior patamar desde maio de 2023, quando estava em 44,2% ao ano.
O juro foi calculado com base em recursos livres, portanto, não inclui os setores habitacional, rural e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O aumento dos juros do rotativo do cartão, do cheque especial e o de concessão de crédito acontece em meio à alta da taxa básica da economia, a Selic, que subiu para 14,25% ao ano em março, quando o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) do BC.
Os juros ficaram assim distribuídos:
- Empresas: recuou de 24,1% ao ano, em janeiro, para 23,9% ao ano em fevereiro deste ano.
- Pessoas físicas: subiram de 53,9% ao ano, em janeiro, para 56,3% ao ano em fevereiro de 2025. Esse é o maior patamar desde agosto de 2023 (56,5% ao ano).
Carteira de crédito
O volume total do crédito bancário em mercado, segundo o Banco Central, registrou aumento de 0,4% em fevereiro, somando R$ 6,48 trilhões. Em doze meses, a expansão foi de 11,8%.
“Esse resultado decorreu dos incrementos de 0,5% no estoque de crédito às empresas e de 0,4% no destinado às famílias, cujos montantes situaram-se em R$ 2,5 trilhões e R$ 4 trilhões, respectivamente”, informou o Banco Central.
O crédito livre às famílias registrou estabilidade em fevereiro, e, em doze meses, teve alta de 12,4%, com destaque para:
- cartão de crédito à vista (-2,2%)
- crédito pessoal não consignado vinculado à composição de dívidas (-2,5%),
- crédito pessoal não consignado (+1,4%),
- crédito consignado para beneficiários do INSS (+1,4%) e
- cartão de crédito rotativo (+2,6%).
Endividamento em alta
O endividamento das famílias situou-se em 48,7% em janeiro, maior nível desde junho de 2023, com elevações de 0,3 ponto percentual em relação ao mês anterior e de 0,9 p.p. em doze meses.
O comprometimento de renda aumentou 0,3 p.p. no mês e 1,5 p.p. em doze meses, alcançando 27,3%, maior nível desde julho de 2023.
O percentual de inadimplência do crédito total do Sistema Financeiro Nacional, considerados os atrasos superiores a 90 dias, alcançou 3,3% da carteira em fevereiro, com aumento de 0,1 p.p. no mês e estabilidade em doze meses.
Nas operações de crédito livre, o percentual de inadimplência alcançou 4,5% da carteira, com alta mensal de 0,1 p.p. e recuo de igual intensidade em doze meses.
No crédito livre às pessoas jurídicas, a inadimplência alcançou 2,9% da carteira, com aumento de 0,1 p.p. no mês e redução de 0,4 p.p. em doze meses. A inadimplência do crédito livre às pessoas físicas assinalou estabilidade mensal e alta de 0,1 p.p. em doze meses.
Fonte: ICL Notícias