Professores, pesquisadores e jornalistas participaram da roda de conversa (Luiz André Nascimento/Cenarium)
02 de maio de 2025
Ana Pastana e Jadson Lima – Da Cenarium
MANAUS (AM) – Em celebração ao mês em que marca o Dia dos Povos Indígenas no Brasil, a Faculdade La Salle, em Manaus (AM), promoveu a roda de conversa “A urgência do reconhecimento e respeito aos povos originários“. O evento ocorreu na quarta-feira, 30, no centro de ensino localizado na Zona Centro-Oeste de capital, e contou com a participação de profissionais e alunos.
Com mediação da jornalista Paula Litaiff, o evento promoveu diálogo e troca de conhecimentos entre os acadêmicos e os participantes, dentre eles: a advogada indígena Inory Kanamari, os mestres em Direito Karla Maia e Aldryn Amaral, e a psicóloga Giselle Mello.
À CENARIUM, a advogada Inory Kanamari ressaltou a importância do espaço para que pautas como direitos indígenas, lutas e preconceitos sejam debatidos. “[Os povos indígenas sofrem] a consequência do racismo, da xenofobia e do preconceito para as pessoas indígenas que seguem sendo vítimas, que são vítimas desde o momento em que nascem, que têm que enfrentar essas questões diárias na sociedade“, declarou Inory Kanamari.
A mestre em Direito Karla Maia, autora da obra “Políticas Públicas de Preservação do Patrimônio Cultura e da Memória Social: Perspectivas e Desafios para os Povos Indígenas do Vale do Javari”, afirmou à CENARIUM que trazer o debate para o universo acadêmico causa um impacto em relação à conscientização e respeito aos povos originários.
“O impacto, tanto para os acadêmicos como para as pessoas que estavam em casa assistindo, é muito grande. A gente entender os motivos do respeito, o porquê do respeito e não só reconhecer, tendo em vista que a gente tem uma situação de invisibilidade dos povos indígenas em muitas situações. Compartilhar isso com os acadêmicos e receber também uma troca, verificar que dentro do próprio ambiente acadêmico nós temos indígenas que estão aqui tendo o seu espaço, tendo o seu acolhimento, é muito importante“, disse Karla Maia.
Fundadora da CENARIUM, Paula Litaiff reforçou a importância do compromisso da faculdade em trazer o debate para dentro do universo acadêmico, principalmente para cursos como Direito e Relações Internacionais.
“É muito importante esse espaço concedido pela Faculdade La Salle, para debater o respeito, o reconhecimento e também a visibilidade dos desafios dos povos tradicionais e incluindo, principalmente, os povos indígenas aqui do Amazonas”, disse a jornalista. “Esse reconhecimento, ele já existe, na verdade, o que a gente precisa é visibilizar a atuação de pessoas que trabalham na causa indígena como os palestrantes que estiveram aqui“.
A psicóloga Giselle Melo, especialista em terapia cognitivo-comportamental focada nas vulnerabilidades e nas questões de saúde mental dos povos originários, comentou a respeito das pessoas buscarem mais sobre o assunto debatido no evento. “A gente tem que se apropriar disso e, é claro, se inserir nesses ambientes, ler a respeito, acompanhar de perto. A realidade, como é que está realmente todas essas nuances, a partir das diferentes atuação“, reforçou.
O mestre em Direito Constitucional Aldryn Amaral, professor e advogado atuante em Direito Público e Direito Ambiental, também contribuiu com a roda de conversa. Ele comentou sobre os crimes praticados na Amazônia, e como impactam na vida dos povos indígenas.
“Tem se discutido em grupos internacionais o ‘tráfico ambientalista’, que é uma nova forma de conexão de crimes relacionado ao tráfico de drogas com a lavagem de dinheiro com produtos da floresta, através da extração ilegal de mineiros e também, o que pouco se fala é sobre a exploração sexual na tríplice sem fronteira. É muito importante que seja feito esse diálogo“, afirmou.
A roda de conversa foi transmitida ao vivo pelo canal do YouTube da Faculdade La Salle, para aqueles que não puderam comparecer presencialmente. O conteúdo na íntegra pode ser acessado neste link.
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Fonte: Agência Cenarium