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Marcha termina com indígenas atingidos por spray de pimenta



Deputada Célia Xakriabá e outros indígenas foram atingidos pela polícia do Congresso (Composição: Paulo Dutra/Cenarium)

10 de abril de 2025

Ana Cláudia Leocádio – Da Cenarium

BRASÍLIA (DF) – A marcha do Acampamento Terra Livre (ATL) terminou com um grupo de indígenas e a deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG) atingidos por spray de pimenta e bombas de efeito moral, em frente ao Congresso Nacional, na noite desta quinta-feira, 10. A maioria dos atingidos era mulheres da etnia Xakriabá, que foram atendidas de imediato porque ficaram com falta de ar e duas delas desmaiaram. A deputada divulgou um vídeo em que reclama que seu “olho está morrendo de dor” e a polícia não deixava que ela passasse.

Ao sair do local em marcha, foi informado que o ato terminaria na Praça dos Três Poderes, que fica atrás do prédio do Congresso Nacional. Ao se aproximarem, havia uma barreira policial que impedia a descida até o local. Segundo o assessor da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), major Raphael Brooke, foi feito um acordo para que a manifestação se localizasse até a Alameda das Bandeiras.

Indígenas foram atingidas em confronto com a Polícia do Congresso (Créditos: Ana Cláudia Leocádio/CENARIUM)

Segundo relato de indígenas Xakriabá, o grupo que tentou ir até o prédio do Congresso acompanhava a deputada Célia Xakriabá (PSOL-MG), que estava indo em direção à Câmara, quando foram surpreendidos com as bombas e o spray de pimenta contra eles. As mulheres foram deitadas no chão à espera de atendimento e uma delas chegou a ser levada de ambulância para o hospital.

A assessoria de imprensa da Câmara dos Deputados informou que “cerca de mil indígenas que participavam da marcha do ATL romperam a linha de defesa da PMDF, derrubaram os gradis e invadiram o gramado do Congresso Nacional. As Polícias Legislativas Federais da Câmara dos Deputados e do Senado Federal usaram agentes químicos para conter a invasão e impedir a entrada no Palácio do Congresso”.

“O acordo com o movimento indígena, que reúne lideranças de diferentes etnias do país, era que os cerca de cinco mil manifestantes chegassem apenas até a Avenida José Sarney, anterior à Avenida das Bandeiras, que fica próxima ao gramado do Congresso. Mas parte dos indígenas resolveu avançar o limite. A situação já foi controlada e o policiamento das duas Casas Legislativas, reforçado”, completou a assessoria.

Essa foi a segunda e última marcha dos eventos do ATL, que termina nesta sexta-feira, 11. Com o lema “A Resposta Somos Nós”, o objetivo era chamar atenção para a demarcação e proteção das terras indígenas como solução para a crise climática que o mundo vem enfrentando.

Comissão Internacional da COP-30

Antes de começar a marcha, um evento com a presença de três ministros do governo federal marcou o lançamento da Contribuição Nacionalmente Determinada Indígena (NDCI) e da Comissão Internacional Indígena para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), que será realizada em Belém-PA, em novembro deste ano, coordenada pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI).

A NDC Indígena é um compromisso paralelo à Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) apresentada pelo Brasil à Organização das Nações Unidas (ONU), que consiste em um compromisso assumido por cada país para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Participaram da cerimonia a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva,do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, do presidente da COP30, André Corrêa do Lago, além de parlamentares e os dirigentes das organizações indígenas que fazem parte da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que organiza o ATL.

Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante a marcha (Créditos: Ana Cláudia Leocádio/CENARIUM)

Segundo Sonia Guajajara, o governo está em articulação junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) e à presidência da COP30 para que os indígenas tenham, no Brasil, um espaço não apenas no centro das discussões, mas na tomada de decisões que serão tomadas pelos estados que fazem parte da Convenção.

“É um espaço onde nós vamos levar essa força dos povos indígenas não só do Brasil, mas os povos indígenas do mundo. A nossa mensagem principal nessa COP é mostrar o papel dos territórios indígenas como a parte principal do combate à crise climática”, disse a ministra.

Guajajara lembrou que sempre houve uma luta para que os povos indígenas estivessem no centro desse debate. “E nós lutamos para que os povos indígenas estejam como parte importante dessa discussão porque, comprovadamente, os territórios indígenas funcionam, como essa grande barreira contra o avanço das monoculturas, da mineração, do garimpo, do agronegócio”, ressaltou.

A ministra Marina Silva lembrou do trabalho de reconstrução das políticas ambientais e indígenas do país pelo governo federal, dos desafios para alcançar o desmatamento zero até 2030, trabalho que conta com a contribuição dos povos indígenas e seus territórios.

“Mais do que isso, é o esforço que está sendo feito para que a COP30 aconteça em um ambiente que seja compatível com o compromisso que temos. O presidente Lula tem o compromisso de desmatamento zero até 2030, tem o compromisso de que nós vamos ter uma NDC de 67% de redução de emissão de CO2 para todos os setores”, afirmou.

Segundo a Apib, a Comissão Internacional Indígena para a COP-30 será presidida pela ministra Sonia Guajajara. Além da Apib, farão parte também a Coiab, Anmiga, o G9 da Amazônia Indígena, a Aliança Global de Comunidades Territoriais (GATC), e o Fórum Permanente da ONU sobre Assuntos Indígenas (UNPFII).

Três mil indígenas na COP30

O coordenador-geral da Coordenação dos Povos Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Toya Manchineri, reiterou que é importante fazer uma grande aliança com os povos indígenas na defesa de seus territórios e, nessa luta, buscar apoio dos não-indígenas também porque, para ele, não são apenas os povos indígenas que irão salvar o planeta, mas todos que nele habitam.

As lideranças ressaltaram que o objetivo é levar à COP30 três mil indígenas do mundo todo, sendo mil apenas do Brasil. E nesse esforço, desde o ano passado, o MPI promove a formação de grupos para atuarem nesse tipo de fórum internacional.

Para o movimento indígena, não se poderá falar em justiça climática sem assegurar nos documentos finais da Convenção do Clima a demarcação e proteção dos territórios indígenas. Na visão de Manchineri, se isso não ocorrer, o único legado da COP30 será a conexão que está sendo desenvolvida com todos os povos indígenas do mundo em defesa de suas terras.

Ainda no ATL desta quinta-feira, 10, representantes de povos originários de nove países (G9) participaram dos debates e se comprometeram a se unir na defesa de seus direitos e, principalmente de seus territórios.

O ATL termina nesta sexta-feira,11, com a leitura do documento final, após as deliberações aprovadas durante os cinco dias de plenárias e discussões com cerca de 7 mil indígenas que participaram, em Brasília, desta 21ª edição da maior mobilização indígena do Brasil.

Leia mais: STF e povos indígenas: genocídio ou conciliação?
Editado por Izaías Godinho



Fonte: Agência Cenarium

Amazonas Repórter

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