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domingo, maio 4, 2025
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Mercado de trabalho segue aquecido e deve sentir juros “por último“


Os dados do mercado de trabalho vieram piores no mês de março em comparação com os resultados de fevereiro, mas analistas apontam que a economia brasileira segue aquecida a despeito do ciclo de alta dos juros deflagrado em setembro do ano passado.

Para especialistas ouvidos pela CNN, a taxa de desemprego deve ser a última a sentir o peso das taxas. Os reflexos, porém, devem começar aparecer de forma mais intensa a partir do segundo semestre deste ano.

Enquanto o desemprego apurado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) subiu a 7%, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apurou a abertura de 71 mil vagas de emprego no mês, o pior resultado desde 2020.

Porém, o departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco buscou esclarecer que “ainda que tenham arrefecido em março, os dados do mercado de trabalho continuam indicando que a atividade econômica teve crescimento expressivo no primeiro trimestre”.

O cenário de aquecimento na economia se faz apesar do elevado nível das taxas de juros praticadas no país. Em março, o Banco Central (BC) elevou a Selic — a taxa básica de juros do país — a 14,25% ao ano, no maior patamar desde 2016.

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Os juros são o principal mecanismo pelo qual o BC busca controlar a inflação no país. Ao elevar a Selic, a autarquia está essencialmente “encarecendo o dinheiro”. Sobe o custo do crédito, para se tomar empréstimos, e, consequentemente, diminui-se a demanda, assim baixando os preços.

O que economistas ouvidos pela CNN explicam é que os reflexos do cenário econômico — seja ele de desaceleração ou de aceleração — são sentidos por último no mercado de trabalho.

Isso porque as empresas tendem a “segurar o tranco” o máximo possível, já que contratações e demissões são custosas.

“De maneira geral, quando começa uma desaceleração, as empresas tendem, principalmente na indústria, a manter a mão de obra empregada o máximo de tempo possível porque tem muita escassez de mão de obra qualificada”, explica Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

“Ainda vamos observar uma geração líquida de empregos por um tempo mesmo quando a economia desacelerar e, portanto, o desemprego também não será afetado de forma tão imediata”, pontua.

Guilherme Gaburo, economista-chefe da Wave Capital, ressalta que os dados divulgados na última quarta-feira (30) ainda refletem o dinamismo que vem sendo observado no país.

Ele pondera que o efeito da política monetária do BC deve chegar ao mercado de trabalho por volta do segundo semestre deste ano.

“Indícios de arrefecimento”

“O mercado de trabalho mantém indícios de arrefecimento […]. Ao longo das últimas leituras, percebemos a ampliação da desaceleração que havia sido vista de maneira incipiente na economia brasileira anteriormente”, afirma André Valério, coordenador de pesquisa macroeconômica do Inter, em nota após as divulgações.

“Com um padrão mais claro de arrefecimento, os próximos dados serão importantes para entender se o curso de moderação na atividade será característico de um pouso suave ou não, lembrando que o recente aperto monetário do BC ainda deve ser sentido por vários trimestres à frente”, conclui.

Apesar de a conclusão ser de que a atividade do mercado de trabalho segue acima dos padrões históricos, a expectativa dos agentes econômicos era por altas muito mais expressivas.

Na leitura do Caged, por exemplo, a baixa era esperada até por conta de fevereiro ter sido um mês recorde, com a abertura de 431 mil vagas de emprego.

O mercado esperava, porém, um resultado em torno de 200 mil vagas. No caso do Inter, a aposta era por 240 mil novas vagas.

“A economia está desacelerando? A resposta é sim, mas lentamente. Tem a palavra ‘parece’ ainda no meio disso, ainda é muito cedo para dizer”, pondera Luiz Fernando Figueiredo, presidente do Conselho de Administração da Jive Mauá e ex-diretor de Política Monetária do BC.

Figueiredo reforça o fato de o mercado de trabalho responder de maneira “atrasada” ao cenário econômico, mas ressalta que estas divulgações ajudam a compor uma série de dados que têm mostrado essa desaceleração, ainda que lenta, da economia.

Em suas últimas decisões de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC vinha destacando, de um lado, a pressão do mercado de trabalho aquecido como um dos fatores que poderiam influenciar numa inflação mais alta para o país.

Do outro, passou a apontar para a potencial desaceleração da economia como um dos fatores que poderiam levar o colegiado a baixar os juros.

Os dados do mercado de trabalho não devem, porém, influenciar na próxima decisão de juros do Copom, a ser tomada nesta quarta-feira (7).

“Como ainda está num processo de alta dos juros, ainda tem que ver muito dado para frente para construir o cenário. Todos os dados importam, e esse é o mais atrasado, não é um divisor de águas”, frisa o ex-diretor do BC.

Ele bate o martelo que o “divisor de águas” para o Copom seria uma desaceleração muito mais forte da economia e os dados da inflação se mostrarem muito benignos, o que não é o caso no momento.

Apesar de a “prévia da inflação”, o IPCA-15, ter desacelerado em abril na margem mensal, no acumulado em 12 meses o indicador segue acima de 5%, estourando o teto de 4,5% da meta de inflação perseguida pelo BC, cujo centro é 3%.

As expectativas do mercado para a alta dos preços também seguem elevadas, apesar de arrefecimento nas últimas semanas.

Ainda assim, o mercado vê o ciclo de alta da Selic próximo do fim, apesar dos dados graduais e incipientes.

“O momento é do que chamam de ‘sintonia fina’, ao finalzinho do processo, não deve haver mais que duas altas. Isso porque o ambiente externo exige cautela, e quando exige, vai com calma. Há muita incerteza, é um momento de tranquilidade, de ter calma. Vamos ver no que vai dar”, conclui Figueiredo.

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Fonte: CNN Brasil

Amazonas Repórter

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