NOTA DE PESAR (Família de Amazonino)
A família de Amazonino Armando Mendes comunica com pesar o seu falecimento neste domingo (12/02), em São Paulo, aos 83 anos. Foi uma vida vitoriosa dedicada com muito amor à família e ao povo do Amazonas. Amazonino deixa um Legado incomparável, como homem e político. Lutou bravamente como poucos, mas agora descansa em paz!
- 16/11/1939 + 12/02/2023
Homenagem do senador Eduardo Braga ao legado de Amazonino Mendes
É impossível contar os últimos 50 anos da história do Amazonas sem dedicar importantes capítulos a Amazonino Mendes. Natural de Eirunepé (AM), na calha do Juruá, ele construiu um vínculo afetivo com a população por meio de realizações como o Leite do Meu Filho, o Cartão Direito à Vida, o bumbódromo de Parintins e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), entre outras iniciativas que o tornaram uma liderança política desobrigada a se curvar às imposições do tempo.
Notável conhecedor da máquina pública e muito identificado com a região, inclusive pelo próprio nome, Amazonino foi governador por quatro mandatos, prefeito de Manaus em três ocasiões, senador em 1991 e o dono do coração de inúmeros caboclos, indígenas, brancos, pretos e pardos que compõem a fascinante demografia do Amazonas.
Por tudo isso, tornou-se uma referência para as gerações subsequentes de políticos no Estado, como eu. Muito aprendi com Amazonino Mendes. Ora, dividindo o mesmo barco nas disputas eleitorais. Em outros momentos, em campos opostos. Mas sempre primando pelo respeito e partilhando de um imenso amor pelo nosso Estado.
Suas vitórias, suas derrotas, seus acertos e erros são fontes inesgotáveis de inspiração. Sua trajetória permanecerá para sempre como uma bússola para quem alimenta o genuíno propósito de servir a população, especialmente a menos favorecida, a que habita as periferias das metrópoles e os rincões mais distantes da Amazônia.
Descanse na paz do Senhor, Amazonino. Aos familiares, amigos e inúmeros admiradores, o nosso abraço fraterno neste momento de dor.
Trajetória
Amazonino Armando Mendes nasceu em Eurinepé, interior do Amazonas, em 16 de novembro de 1939. Se formou em direito pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e fez longa carreira política dentro do estado atuando quatro vezes como governador do Estado, uma vez como senador e três vezes como prefeito de Manaus.
Em abril de 1983, iniciou a carreira política ao ser nomeado prefeito da capital. Em seu mandato, deu especial atenção à urbanização dos bairros periféricos. Logo em seguida, em 1987, Amazonino iniciou o primeiro mandato como governador. Entre 1991 e 1992, exerceu o cargo de senador da República.
Em 1994, Amazonino foi novamente eleito governador do Amazonas, já no primeiro turno. Depois foi reeleito em 1998. Em seu governo, criou o polo graneleiro de Itacoatiara (AM) e a Companhia de Gás do Amazonas (Cigás). Implantou também o programa denominado Terceiro Ciclo, destinado a promover o desenvolvimento do interior do estado através da produção de grãos.
Mantendo as contas do governo sob controle, Amazonino criou a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em 2001. No mesmo mandato intensificou a construção de escolas e postos de saúde pelo estado. Ao fim do mandato, em 2003, ficou fora dos holofotes até 2008, após amargar derrotas em tentativas de eleições para prefeitura e governo entre 2004 e 2006.
Em 2008 foi eleito novamente à prefeitura, desta vez em uma candidatura polêmica e sob muitas críticas de órgãos. Ele chegou a ser cassado após ele e seu vice Carlos Souza serem julgados por por compra de votos e captação ilícita de recursos para campanha eleitoral. Os advogados recorreram da decisão e Amazonino tomou posse em 2009.
Em 2011, durante o mandato como prefeito, o político protagonizou uma polêmica com uma moradora de uma comunidade carente de Manaus, onde morreram uma mulher e duas crianças soterradas sob um barranco.
Na época, Mendes disse que as pessoas na comunidade Santa Marta, na Zona Norte da capital amazonense, ajudariam a prefeitura “não fazendo casas onde não devem”, ao que a moradora não identificada retrucou: “Mas a gente está aqui porque não tem condição de ter uma moradia digna”. O prefeito respondeu: “Minha filha, então morra, morra”.
Em 2017 voltou a assumir o Governo do Amazonas após eleições suplementares para substituição do então governador José Melo e do vice Henrique Oliveira. Tentou a reeleição em 2018, mas foi derrotado pelo estreante Wilson Lima. No fim de sua trajetória política amargou outras duas derrotas: uma em 2020 para um novo mandato à frente da Prefeitura de Manaus, e em 2022, a última vez que concorreu ao governo do estado.
Ao longo de sua vida, Amazonino recebeu diversas homenagens, como, a Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, Grau de Grã-Cruz, Superior Tribunal do Trabalho (1987); medalha de Honra ao Mérito, conferida pela SUDAM (1991); comenda de Ordem ao Mérito de Tocantins, Grau de Grão-Cruz, conferida pelo Estado de Tocantins (1991); Grande Medalha da Inconfidência, outorgada pelo Estado de Minas Gerais; cidadão Benemérito de Todos os Municípios do Estado do Amazonas; cidadão Benemérito da Cidade de Miami Beach – USA; e cidadão Benemérito do Município de Praia Grande – SP.
Amazonino também foi o criador e presidente do Forum dos Governadores da Amazônia. Também foi o mentor, em 1987, do Instituto Superior de Estudos da Amazônia (ISFA), e, posteriormente, foi eleito presidente do órgão por unanimidade pelos Governadores dos estados integrantes da Amazônia Legal, além de diretor e professor do curso de Direito Rodoviário, ministrado no Departamento de Estradas e Rodagem do Amazonas (DER-AM).
Filho de Armando de Souza Mendes e Francisca Gomes Mendes, Amazonino foi casado com Tarcila Prado de Negreiros Mendes que morreu em 2015, com quem teve três filhos.