GOVERNO FEDERALspot_imgspot_img
28.3 C
Manaus
quinta-feira, maio 8, 2025
GOVERNO FEDERALspot_imgspot_img

Nascemos Sós, Morremos Sós: A Travessia da Solidão e o Encontro Consigo Mesmo


ouça este conteúdo

00:00 / 00:00

1x

Há algo em nossa existência que, mesmo diante de todos os vínculos que formamos, permanece intocado: nascemos sós e morreremos sós.
Essa constatação, embora inicialmente possa parecer sombria, é na verdade uma chave preciosa para a liberdade interior e para a construção de relações mais verdadeiras.

Desde cedo, somos ensinados a buscar fora de nós aquilo que acreditamos faltar: o amor que preencha os vazios, a parceria que alivie o peso da vida, o outro que cure nossas feridas internas.
Contudo, como escreveu Carl Gustav Jung, “o encontro consigo mesmo é o momento mais terrível e mais precioso da vida humana”.

É na solidão essencial que somos convidados, ou forçados, a olhar para quem realmente somos, despidos das máscaras que usamos para sermos aceitos.

Não importa o quanto amemos ou sejamos amados; há dores, desafios e decisões que só podem ser atravessados na companhia silenciosa de nós mesmos.
Ninguém poderá viver por nós o que só nossa alma pode suportar. Ninguém poderá compreender plenamente o território íntimo de nossas emoções, nem nos carregar nos momentos em que a vida exige coragem e reinvenção.

Clarice Lispector, com sua sensibilidade aguda para os mistérios da existência, escreveu:
“Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar.”
Essa fluidez do ser, essa oscilação entre força e vulnerabilidade, é algo que cada indivíduo precisa reconhecer em si mesmo, sem esperar que o outro decifre ou sustente o que é, em essência, pessoal e intransferível.

A maturidade emocional consiste em aceitar que, por mais que desejemos compartilhar a vida, há limites intransponíveis naquilo que podemos dividir.
O outro, assim como nós, é imperfeito, falho, finito.
E é justamente nesse reconhecimento, da solidão inevitável e da limitação humana, que os vínculos verdadeiros podem nascer.

Relações não são lugares de completude, mas de encontro.
Não cabe ao outro nos salvar do que nos falta, nem a nós salvarmos alguém de sua própria travessia interior. Quando duas pessoas inteiras se encontram, não o fazem para se completarem, mas para testemunharem a jornada um do outro com respeito e ternura.

Jung descreveu esse processo como individuação, o tornar-se quem se é, reconhecendo a própria sombra e integrando as diversas faces do ser.
E só quem se aventurou corajosamente na própria escuridão pode amar sem exigir, pode estar junto sem aprisionar, pode construir uma parceria sem ilusões de fusão ou dependência.

Reconhecer nossa solidão essencial não nos torna frios ou cínicos.
Pelo contrário: nos torna mais humanos, mais livres e mais capazes de amar de forma consciente.

Ao entendermos que somos, fundamentalmente, responsáveis por nós mesmos, libertamos o outro do fardo impossível de nos completar, e nos libertamos, também, da fantasia de sermos completados.

Assim, amar torna-se um ato de liberdade, e não de necessidade.
Relacionar-se torna-se uma escolha, não um resgate.
A companhia do outro se torna celebração, e não salvação.

Nascemos sós, morreremos sós.
Mas entre esses dois momentos, temos a possibilidade de encontrar o outro, e a nós mesmos, de forma mais autêntica e inteira.

Grande abraço,



Fonte: ICL Notícias

Amazonas Repórter

Tudo
spot_imgspot_img

“Garota do Momento“: Edu fica em choque ao descobrir gravidez de Celeste

Celeste (Débora Ozório) sempre deixou claro seus objetivos de vida e que pretende estudar. Só que os planos dela podem ir...
spot_imgspot_img
×

Participe do grupo mais interativo da Cidade de Manaus. Sejam muito bem-vindos(as)

WhatsApp Entrar no Grupo