Os partidos de oposição na França ameaçaram nesta segunda-feira (14) derrubar o governo do primeiro-ministro, François Bayrou, com uma moção de desconfiança depois que seu ministro das Finanças disse que o orçamento do próximo ano exigiria bilhões de euros em economias.
A votação sobre o orçamento de 2026 não deve ocorrer antes do final deste ano, mas o assunto já está testando o poder de permanência do governo de Bayrou, que assumiu o cargo em dezembro, depois que confrontos sobre o orçamento de 2025 derrubaram seu antecessor, Michel Barnier.
O ministro das Finanças, Eric Lombard, disse em uma entrevista à BFM TV no domingo (13) que um plano para reduzir o déficit orçamentário para 4,6% da produção econômica em 2026, de 5,4% este ano, exigiria uma economia de 40 bilhões de euros.
Bayrou, que já sobreviveu a outros votos de desconfiança, deve fazer um discurso sobre o orçamento na terça-feira (15), e descrever as medidas de austeridade contundentes que estão no horizonte.
Arthur Delaporte, um parlamentar socialista e porta-voz do partido, não chegou a dizer que a legenda apoiaria um voto de desconfiança, mas pediu ao governo que seguisse as lições de Barnier, cujos esforços para aprovar um orçamento de 2025 que apertava o cinto levaram à sua destituição.
Bayrou só conseguiu aprovar o orçamento de 2025 depois de fazer concessões significativas aos socialistas, que podem desempenhar um papel decisivo na derrubada de seu governo se unirem forças com partidos de da esquerda radical e da ultradireita.
“Este governo não tem maioria para adotar um orçamento de austeridade como esse”, disse Delaporte à Reuters. “Sempre dissemos que este governo está sob a vigilância dos legisladores socialistas e que não aceitaremos um orçamento repleto de cortes sociais e que não envolva aqueles que mais podem contribuir.”
Sebastien Chenu, parlamentar e figura graduada do Reunião Nacional, da ultradireita, disse à Europe 1/CNews nesta segunda-feira (14) que o grupo votaria para derrubar o governo se ele impusesse cortes profundos às pessoas comuns.
“Ao elaborar um orçamento que pede aos franceses que apertem o cinto… isso os expõe a uma moção de desconfiança de nossa parte”, disse Chenu.
Manuel Bompard, coordenador nacional do partido de esquerda radical França Insubmissa, disse que está pronto para propor uma moção de desconfiança, mas somente se toda a esquerda a apoiasse.
A esquerda radical e a ultradireita não têm votos suficientes para derrubar o governo sem o apoio de outros partidos de esquerda.
Fonte: CNN Brasil