Declarada inelegível pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e prestes a ser condenada à prisão pelo Supremo Tribunal Federal, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) afirmou se sentir abandonada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na última segunda-feira 24, em entrevista a um podcast, Bolsonaro disse que Zambelli “tirou” seu mandato com o caso da perseguição armada em São Paulo, na véspera do segundo turno de 2022.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada neste domingo 30, a deputada disse apoiar o ex-capitão desde 2013 — primeiro como “ativista”, depois no Congresso Nacional.
“Esperava ter algum tipo de retribuição em relação a isso. Ou seja, contar com a amizade dele nesse momento difícil”, lamentou. “Mas acho que não só eu como outras pessoas também perderam a amizade do presidente no momento que precisaram.”
A um dia do segundo turno da eleição presidencial de 2022, Zambelli sacou uma arma e perseguiu um opositor pelas ruas de um bairro nobre de São Paulo.
O STF formou maioria para condenar a bolsonarista a 5 anos e 3 meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. O ministro Kassio Nunes Marques, porém, pediu vista — mais tempo para estudar os autos — e adiou a conclusão do julgamento.
A deputada afirmou que o episódio atrapalhou a reeleição de Bolsonaro, mas não foi decisiva para o resultado.
“É um peso bastante grande ter ouvido aquilo. Pesou bastante nas minhas costas”, prosseguiu. “Na verdade, desde 2022 enfrento depressão por causa desse episódio e tive vários momentos bem ruins. Ter ouvido isso dele me deixou bastante chateada.”
Na última terça-feira 25, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo confirmou a decisão que cassou o mandato de Zambelli por uso indevido dos meios de comunicação e abuso de poder político nas eleições de 2022. Ela, porém, mantém o cargo de deputada enquanto recorre ao Tribunal Superior Eleitoral.
Por: Carta Capital