A Bolívia assinou, nesta terça-feira (26), um contrato com a empresa da China Hong Kong CBC Investmentpara a construção de fábricas de produção de carbonato de lítio, com um compromisso de investimento de R$ 5,98 bilhões. As fábricas de lítio representam um passo significativo rumo ao futuro sustentável, visto que o mineral, que atrai olhares de Elon Musk, é muito utilizado em baterias de carros elétricos, smartphones e diversos outros equipamentos.
Construção de novas fábricas de lítio na Bolívia estarão localizadas no Salar do Uyuni
Segundo o presidente da Bolívia, Luis Arce, durante a cerimônia de assinatura, com a construção de fábricas de lítio, a Bolívia será um ator importantíssimo na determinação do preço internacional do lítio. As futuras fábricas de lítio, mineral que atrai olhares de Elon Musk, possuem capacidade de produção de 10 mil toneladas de carbono de lítio por ano e outra 25 mil, sendo 35 mil toneladas no total.
A construção das novas fábricas de Lítio acontecerá no Salar do Uyuni, no sudoeste do país, segundo informações da estatal Yacimientos de Lítio Bolivianos (YLB), que assinou o contrato. A medida do governo da Bolívia mexe com os interessados Estados Unidos, que tentam controlar a produção de lítio do país para evitar a concorrência de China e Rússia na região.
Em março do último ano, a chefe do Comando Sul, Laura Richardson, afirmou que o triângulo do lítio é tratado como uma questão de segurança nacional sobre o seu “quintal dos fundos” durante uma conferência da Câmara dos Representantes dos EUA.
Entenda a importância da construção das novas fábricas na Bolívia
O lítio é um componente fundamental para a produção de baterias de alto rendimento para os carros elétricos. A montadora Tesla, de Elon Musk, anunciado como integrante do novo governo de Donald Trump, é uma das principais fabricantes destes veículos no mundo.
Segundo Elon Musk em 2020, ao ser questionado sobre o seu interesse em derrubar o então presidente Evo Morales do poder, alvo de um golpe de Estado em 2019, “vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”.
Além da construção de novas fábricas de lítio na Bolívia, o governo de Luís Arce tem adotado estratégias para manter o recurso sob produção estatal e fazer parcerias estratégicas com outros países que têm tecnologia para explorar o mineral.
Foi criada a lei 928, que prioriza a soberania nacional na produção de lítio com a participação integral da estatal YLB em todas as etapas da produção. Além disso, implementou a tecnologia chamada pelo governo de Extração Direta de Lítio (EDL), que é menos poluente e gasta menos água para limpar o lítio bruto.
Entenda os negócios da Bolívia com a China
A empresa asiática que fará a construção das fábricas de lítio na Bahia, é uma subsidiária da CATL, a maior produtora de baterias de lítio do mundo. O lítio é um mineral-chave no processo de transição para energias mais limpas.
Este é o segundo contrato assinado pela YLB para a exploração do lítio. O primeiro foi firmado em setembro deste ano com o grupo russo Uranium One Group, que investirá US$ 970 milhões (R$ 5,62 bilhões) para construir uma fábrica com capacidade de 14 mil toneladas de carbonato de lítio por ano.
Ambos os acordos ainda precisam ser aprovados pela Assembleia Legislativa, em um processo sem prazo definido e que pode ser atrapalhado pela profunda divisão da maioria governista.