As recentes tarifas impostas pelo governo de Donald Trump podem ter um impacto negativo no desenvolvimento tecnológico dos Estados Unidos, especialmente no campo da inteligência artificial (IA). Esta é a avaliação do neurocientista e professor da Unifesp, Álvaro Machado Dias, em entrevista à CNN.
Segundo o especialista, as medidas protecionistas afetam diretamente a importação de componentes essenciais para a expansão de data centers e o avanço da IA, como chips e placas de vídeo.
“As tarifas aplicadas no ‘Liberation Day’ incidem fortemente sobre placas de vídeo, sobre equipamentos dos mais variados para servidores e sobre a maioria dos chips”, explica Dias.
Impacto na pesquisa e investimentos
O neurocientista destaca que o desenvolvimento da IA nos EUA está sendo prejudicado em duas frentes: a tarifária e a política.
No âmbito político, Dias aponta para cortes de custos na ciência, afetando o financiamento de universidades e órgãos de pesquisa como os da área da saúde.
“As universidades americanas estão tendo os seus financiamentos cortados, assim como as linhas de pesquisas ligadas ao NIH e outros mais. O resultado disso definitivamente é o desenvolvimento mais lento nas pesquisas de inteligência artificial e outras tecnologias”, afirma o professor.
Risco à liderança americana
Álvaro Machado Dias alerta que as medidas protecionistas podem comprometer a capacidade dos Estados Unidos de alcançar suas metas tecnológicas e industriais.
Embora a China ainda esteja atrás dos EUA em termos de desenvolvimento de IA devido a embargos existentes, o especialista prevê uma possível primazia chinesa na próxima década.
“As projeções, quando a gente vê o curso do desenvolvimento, todas apontam para uma primazia chinesa do ponto de vista da inteligência artificial e da robótica na próxima década, talvez um pouco antes em função das tarifas”, analisa Dias.
O neurocientista também aponta para uma “fuga de cérebros” já em curso nos Estados Unidos, com pesquisadores buscando oportunidades em outros países devido à insegurança gerada pelas políticas atuais.
Este cenário, segundo ele, pode levar a uma redefinição do ecossistema global da ciência, fortalecendo universidades no Reino Unido e na União Europeia (UE).
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Fonte: CNN Brasil