Um estudo elaborado pela Secretaria de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) mostra que o setor automotivo e a indústria de aço e alumínio do Brasil exportaram US$ 6,97 bilhões para os Estados Unidos em 2024. O presidente Donald Trump decidiu impor uma tarifa de 25% sobre esses produtos.
O levantamento, segundo a pasta, é guiado “pela nova política tarifária americana para aço, alumínio e setor automotivo”.
“Ressaltamos, no entanto, que a lista divulgada pelos Estados Unidos apresenta um nível de complexidade elevado, e os códigos tarifários utilizados podem não ter equivalência exata com a Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Dessa forma, qualquer levantamento específico pode ter margens de imprecisão”, declara a secretaria.
O estudo abrange somente as tarifas sobre o aço e alumínio que entraram em vigor em meados de março, e sobre o setor de autopeças, que foram anunciadas em 26 de março. A taxação sobre carros importados passou a valer na quinta-feira passada (3). Já as autopeças serão taxadas a partir de 3 de maio.
Como salientado pela pasta, o estudo dá o valor mínimo do universo que deve ser atingido pela guerra tarifária imposta pelo presidente Trump. Não estão inclusas, por exemplo, aquelas que estão sendo chamadas por Trump de “tarifas recíprocas” globais, que entraram em vigor no sábado passado (5).
O republicano instituiu um imposto mínimo de 10% sobre todos os parceiros comerciais dos EUA, o que inclui o Brasil, atingido pela taxação mínima. Isso significa que o impacto sobre as vendas externas do país para os EUA deve ser maior.
O levantamento usou os códigos dos produtos tarifados divulgados pelo governo dos EUA, o qual mostra que, no aço e alumínio, os itens sobretaxados representam US$ 5,2 bilhões exportados no ano passado.
O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, atrás apenas do Canadá. Os dados do estudo do MDIC mostram que a maior parte do valor (US$ 4,1 bilhões) refere-se ao aço. Já o alumínio representa US$ 267 milhões e os demais produtos de aço e alumínio incluídos na lista americana norte-americana, US$ 881 milhões.
Setor de autopeças tem exposição considerável às tarifas de Trump
De acordo com o levantamento, o segmento de autopeças tem uma exposição considerável às tarifas de Trump, segundo o levantamento.
Os Estados Unidos foram o segundo principal mercado externo para a indústria de autopeças no Brasil, atrás apenas da Argentina.
O levantamento do MDIC mostra que o valor de US$ 1,6 bilhão exportado aos EUA representa 18% do total das vendas internacionais de partes abrangidas pela tarifa de Trump.
Entre janeiro e março deste ano, foram exportados aos EUA cerca de US$ 411 milhões em componentes atingidos pela nova barreira comercial.
Em nota, a Abipeças e o Sindipeças, entidades que representam o setor de autopeças, manifestaram preocupação com as medidas protecionistas do governo Trump .
“Estimamos que haverá um aumento da ordem de US$ 275 milhões no imposto a ser pago pelos norte-americanos para as importações de autopeças advindas do Brasil, em razão da tarifa adicional de 25%”, disse Cláudio Sahad, presidente das entidades, no comunicado.
O governo brasileiro vem tentando negociar pela via diplomática com o governo norte-americano. Além disso, avalia o real impacto do tarifaço de Trump sobre as exportações brasileiras para mapear possíveis oportunidades em outros mercados.
O Brasil vem insistindo que não é um problema para os Estados Unidos, uma vez que a balança comercial entre os dois países é favorável aos norte-americanos há bastante tempo.
Fonte: ICL Notícias