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A taxa de pobreza no país caiu de 28,01%, em 2023, para 25,36%, em 2024. Desde 2022, a pobreza já caiu 21%. Os dados são de estudo do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social e especialista em pobreza e desigualdade.
Entre os fatores que contribuíram para o dado positivo no ano passado estão a redução do desemprego e a melhora na renda das famílias brasileiras.
Em 2021, auge da pandemia de Covid-19, o percentual de pobreza estava em 37,42%, conforme o estudo que usou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A linha de pobreza usada pelo economista é de rendimento domiciliar per capita (por pessoa) de R$ 666.
Para o governo, família de baixa renda é aquela que vive com até meio salário mínimo por pessoa, o que dá R$ 759 por mês para cada pessoa da família, com base no novo valor do salário mínimo em vigor (R$ 1.518).
De acordo com o estudo, em 2023, a redução da pobreza foi sustentada pela ampliação de programas sociais, como o Bolsa Família, que teve aumento de 44% naquele ano, e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), destinado a pessoas com 65 anos ou mais e com deficiência de baixa renda), que subiu 22,3%.
No ano passado, o impulsionamento do mercado de trabalho e da renda foram os responsáveis pela queda no indicador.
Dados do IBGE apontam que a taxa de desocupação chegou a 7,0% no trimestre encerrado em março de 2025, uma variação positiva de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre encerrado em dezembro de 2024. No entanto, essa taxa ainda está abaixo dos 7,9% registrados no mesmo trimestre móvel de 2024. Além disso, foi a menor taxa de desocupação para esse período desde o início da série histórica, posto ocupado anteriormente pelo trimestre encerrado em março de 2014 (7,2%).
Melhora na renda ajudou a reduzir a pobreza
“Ainda não temos dados abertos da composição da renda familiar, mas a renda geral da população cresceu 4,7%, e a do trabalho, 7,1%. Isso mostra que a redução da pobreza foi puxada pelo mercado de trabalho”, afirmou.
A desigualdade também caiu no ano passado, em um comportamento diferente do de 2023, quando a distribuição ficou praticamente parada.
“O mercado de trabalho prosperou mais e a desigualdade caiu, em geral e em particular no mercado de trabalho”, frisou.
Conforme o estudo, os impactos da renda foram os seguintes:
- A renda do trabalho dos 50% mais pobres subiu 10,7% no quarto trimestre de 2024 ante o mesmo período de 2023;
- A renda média subiu 7,08%; e
- Entre os 10% mais ricos, a alta foi de 6,73%.
O desemprego caiu mais entre os 50% mais pobres e o salário pago por hora também.
No recorte por estados, em 20 das 27 unidades da federação, a desigualdade também caiu. No Nordeste, por exemplo, a alta do rendimento foi de 13,06%.
Ipea
Outro estudo, publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) no começo do ano, aponta que há, no Brasil, 20,6 milhões de famílias em situação de extrema pobreza, conforme os critérios de elegibilidade do Programa Bolsa Família. Em 2024, o CadÚnico (Cadastro Único) apontava a existência de 23,5 milhões de famílias nessa situação.
De acordo com o Ipea, o estudo propõe uma metodologia diferente para atualizar as metas municipais de atendimento a famílias em situação de pobreza e de baixa renda, com o objetivo de aprimorar o funcionamento do Cadastro Único e dos programas sociais.
A publicação, intitulada “Estimativas de Famílias Pobres e de Baixa Renda para o Cadastro Único”, busca harmonizar as estimativas para metas, pisos e tetos municipais, combinando informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e do próprio CadÚnico.
Fonte: ICL Notícias