O cofundador do Ethereum publicou na sexta-feira (3) uma proposta surpresa que revela sua ambição de reestruturar radicalmente o protocolo da segunda maior blockchain do mundo.
Em postagem com título curto: “Simplificando L1”, Vitalik Buterin defendeu que a “simplicidade de código” é a chave para a longevidade, segurança e acessibilidade do Ethereum — mirando um design que se aproxime da filosofia minimalista do Bitcoin.
Ele adimitiu que apesar dos avanços recentes do Ethereum, como a migração para Proof-of-Stake (PoS) e a incorporação de zk-SNARKs, o ETH se tornou excessivamente complexo.
Segundo ele, esse excesso de sofisticação técnica gerou ciclos de desenvolvimento lentos, maiores custos operacionais e vulnerabilidades de segurança.
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“O Ethereum falhou várias vezes em manter as coisas simples — às vezes por culpa minha — e isso nos trouxe riscos e custos desnecessários”, escreveu.
Ethereum perde espaço e fundador propõe reestruturação
A principal frente de mudanças sugeridas por Buterin está na camada de consenso. Ele apresentou um novo modelo chamado “finalidade de 3 slots”, que deve eliminar conceitos técnicos como épocas e comitês de sincronização.
Tal abordagem permitiria uma seleção de forks mais simples, com menos validadores ativos simultaneamente.
Além disso, ele sugeriu que a rede adote tecnologias como STARKs — provas de conhecimento zero altamente escaláveis — para facilitar a agregação e comunicação entre validadores, promovendo uma descentralização mais eficaz.
A backwards-compatibility strategy: move the old EVM from consensus-critical client code, to a RISC-V implementation. Existing contracts would continue working as-is. pic.twitter.com/9a7ND4u2r5
— vitalik.eth (@VitalikButerin) May 3, 2025
Na camada de execução, Buterin propôs migrar gradualmente da Máquina Virtual Ethereum (EVM) para uma arquitetura baseada no padrão aberto RISC-V, amplamente utilizado no design de processadores.
A nova máquina seria mais compatível com provas de conhecimento zero (ZK), permitindo melhorias de desempenho que podem chegar a 100x, segundo o fundador.
Durante a transição, contratos antigos escritos para a EVM seriam executados por meio de um interpretador RISC-V, garantindo a compatibilidade retroativa com os sistemas atuais.
O objetivo, de acordo com a postagem, é facilitar o desenvolvimento de aplicações descentralizadas mais eficientes e seguras, sem sacrificar a base já construída.
Padrões comuns e “linha máxima de código”: Ethereum quer ser legível e auditável
Vitalik também defendeu a criação de padrões unificados no ecossistema Ethereum. Ele recomendou que a comunidade adote um único formato de serialização (SSZ), métodos de eliminação padronizados e uma estrutura de árvore única, para tornar as ferramentas mais interoperáveis e o código-base mais fácil de auditar.
Inspirado no projeto Tinygrad, Buterin sugeriu que o Ethereum estabeleça uma “linha máxima de código” — um limite explícito na quantidade de código permitido na lógica crítica de consenso.
Para ele, essa abordagem torna o sistema mais auditável e confiável, mesmo em cenários extremos.
O momento do anúncio não é aleatório. Durante o evento LONGITUDE, realizado na sexta-feira passada (20, Alex Svanevik, CEO da Nansen, afirmou que o domínio do Ethereum entre as redes de primeira camada (L1) vem diminuindo.
“Se você me perguntasse há três ou quatro anos se o Ethereum dominaria as criptomoedas, eu diria que sim. Mas agora está claro que isso não está acontecendo”, afirmou.
Blockchains rivais como Solana, Avalanche e outras têm atraído desenvolvedores e usuários com propostas mais simples e maior desempenho, intensificando a necessidade de o Ethereum se reinventar para manter sua relevância.
Por fim, Buterin acredita que assim como a descentralização, a simplicidade é um pilar fundamental da segurança e da eficiência. Ao repensar a arquitetura do Ethereum com base nessa filosofia, o cofundador aposta na durabilidade da rede frente a um ambiente cada vez mais competitivo e regulado.
Se a comunidade abraçar as propostas, o Ethereum poderá, nos próximos cinco anos, se tornar uma rede mais leve, acessível e robusta — sem abrir mão de sua missão de servir como base para a próxima geração de aplicações descentralizadas.
Fonte: Livecoins