Da esquerda para direita: o deputado federal Eder Mauro (PL), o deputado estadual Rogério Barra, o deputado federal Delegado Caveira e o vereador de Belém Zezinho Lima (Composição de Lucas Olivera e Paulo Dutra/CENARIUM)
07 de abril de 2025
Fabyo Cruz – Da Cenarium
BELÉM (PA) – Parlamentares do Pará, ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estiveram no domingo, 6, na Avenida Paulista, em São Paulo, para defender a libertação dos condenados por tentativa de golpe de Estado do 8 de janeiro. O ato, convocado por Bolsonaro, reuniu milhares de apoiadores, críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e declarações de que os presos são “injustiçados”.
O deputado federal Éder Mauro (PL), que preside o partido no Pará e disputou as últimas eleições para a Prefeitura de Belém, participou da manifestação acompanhado do filho, Rogério Barra, deputado estadual e vice-presidente do PL no Estado. Antes do evento, ambos estiveram em um encontro no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, com Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Durante o ato, eles defenderam os condenados pelos atos de 8 de janeiro, referindo-se aos manifestantes como “patriotas” e minimizando os crimes cometidos em Brasília. Éder Mauro em sua rede social, criticou a imprensa, e atribuiu à TV Globo a responsabilidade por distorcer os números da manifestação.
“A Globo certamente vai dizer que são 18 mil, aqui tem mais de 1 milhão de pessoas […] Ditadura não pode existir num País que é livre e democrático. Pessoas que por causa de um batom pegaram 14 anos, por um golpe que não existiu, que não tinham armas, que não tinham sequer baladeira, não podem estar presas”, afirmou Éder Mauro.
Outro parlamentar paraense presente foi o deputado federal Delegado Caveira (PL), que gravou vídeos ao lado do deputado paranaense Sargento Fahur, gritando “Anistia Já!”. Em suas redes sociais, Caveira classificou a manifestação como um “levante” e afirmou que “não há toga, cargo ou caneta que segure” o povo que, segundo ele, está sendo perseguido pelo STF. Ele ainda citou o nome de Débora Rodrigues dos Santos, que pichou “perdeu, mané” na estátua da Justiça, no STF.
O vereador de Belém Zezinho Lima (PL) também esteve na Avenida Paulista e postou imagens fazendo o gesto de arma com as mãos — símbolo popularizado por Bolsonaro e associado à retórica armamentista de seu governo.
Ato na Paulista
Os organizadores e aliados do ex-presidente falam em “mais de um milhão” de pessoas, levantamento da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Cebrap e a ONG More in Common, estimou a presença de 44,9 mil manifestantes no pico da concentração, às 15h44. A contagem foi feita com base em imagens de drones analisadas por inteligência artificial.
Entre os manifestantes, muitos vestiam verde e amarelo e empunhavam batons — inclusive infláveis — em referência à Débora, que virou símbolo do discurso bolsonarista. Ré no STF, Débora não responde apenas por pichação, mas também por obstrução de Justiça e envolvimento com atos golpistas após as eleições de 2022, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).
O ex-presidente Jair Bolsonaro discursou por volta das 15h40. Voltou a pedir anistia para os presos, atacou o STF e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e relembrou a viagem que fez aos Estados Unidos ao final do mandato. “Se eu tivesse ficado no Brasil, teria sido preso em 8 de janeiro. Estaria apodrecendo ou até assassinado”, disse.
Bolsonaro também mencionou o filho Eduardo Bolsonaro, que se licenciou do mandato de deputado federal e se mudou para os EUA, alegando perseguição política. O ex-presidente voltou a se posicionar como vítima e reforçou o discurso de que há um “Estado de exceção” no Brasil.
Rejeição à anistia
Apesar da pressão de aliados do ex-presidente, a maioria da população brasileira é contrária à ideia de anistiar os envolvidos nos ataques. Segundo pesquisa Quaest divulgada no mesmo dia do ato, 56% dos entrevistados são contra a libertação dos presos. Apenas 34% defendem que eles sejam soltos — por considerarem a prisão injusta ou prolongada. Outros 10% não souberam ou não quiseram responder.
O levantamento, encomendado pela Genial Investimentos, entrevistou 2.004 pessoas entre os dias 27 e 31 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.
8 de janeiro
Os ataques de 8 de janeiro de 2023, também conhecidos como “Intentona Bolsonarista”, foram uma tentativa violenta de impedir a posse do presidente Lula. Milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, num episódio amplamente condenado nacional e internacionalmente. Mais de mil pessoas foram presas, muitas já julgadas e condenadas por crimes como tentativa de golpe, associação criminosa e dano ao patrimônio público.
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Editado por Adrisa De Góes
Fonte: Agência Cenarium