Mais do que promover um debate sobre as potencialidades que a biotecnologia tem a oferecer para a diversificação da matriz econômica regional, o evento “Inovação em Fibras Naturais e Bioeconomia” – realizado nesta terça-feira (6) pelo Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) – buscou tratar sobre o estímulo ao uso de fibras naturais da região como uma alternativa viável e extremamente positiva para a indústria têxtil nacional, com reflexos positivos sobre toda a cadeia produtiva local e ganhos não apenas para o setor secundário, mas para o primário, para as comunidades tradicionais e produtores da Amazônia.
Um público qualificado, formado por representantes de empresas de grande porte nacional do mercado têxtil e por diversos atores do ecossistema da bioeconomia que já atuam ou tem interesse de trabalhar com as fibras regionais, esteve presente ao auditório do CBA para reunir com gestores e pesquisadores do CBA e do IPT e compreender os avanços que têm sido alcançados pelas pesquisas conjuntas promovidas pelas duas instituições, inclusive por meio de acordos de cooperação técnica.
O gestor do CBA, Fábio Calderaro, explica que o trabalho que vem sendo desenvolvido com o Curauá, a fibra regional de maior potencialidade de uso diante de suas características que envolvem leveza e resistência, dentre outras, tem atraído a atenção de diferentes segmentos fabris, como do setor termoplástico do Polo Industrial de Manaus (PIM) e de outras regiões do país. “No evento, trabalhamos com foco na indústria têxtil. O objetivo de longo prazo é que possamos inserir as fibras amazônicas na cadeia de produção da indústria têxtil. Quem sabe isso nos permite que façamos do Amazonas uma capital mundial de moda sustentável“, disse.
Resultados práticos
O trabalho conjunto do CBA e do IPT com a fibra do Curauá deve possibilitar diversos desdobramentos. Um deles é o depósito de patente do processo da tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores de ambas instituições e do produto gerado. “Já temos parceiros da indústria têxtil de São Paulo e de outras regiões do Brasil que estão aqui conosco e a ideia é desenvolver outros pontos da cadeia produtiva para o fornecimento desse material aqui na região“, afirmou Natália Cerize, diretora da área de negócios de bionanomanufatura do IPT.
O superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, participou da abertura do evento e reforçou que a iniciativa de se fomentar a cadeia produtiva das fibras naturais na região deve ser, além de tudo, uma contribuição para as futuras gerações. “Que o produto seja transformado em negócio. Que chegue à indústria e agregue valor“, comentou.
Plataforma inovativa
Durante a parte técnica da agenda, além do resultado das pesquisas desenvolvidas por CBA e IPT com o Curauá, foi apresentado o GT Floratex, uma plataforma inovativa de desenvolvimento e introdução de novas fibras naturais e materiais sustentáveis na indústria têxtil brasileira, contribuindo com sua transição para uma economia circular e verde. Assim, ratificou-se o direcionamento do evento quanto ao uso de bens naturais de forma correta e resultados alinhados às demandas da indústria têxtil brasileira.
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